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Sua casa livre, leve e espaçosa

Este post é para quem guarda muitas coisas e acaba acumulando o que não precisa. Este post é pra mim.

Mas por que devemos nos livrar das coisas? Afinal, esta não é a minha casa? Eu não tenho o direito de viver como eu quiser e guardar o que bem entender?

Sim e sim. Mas não tem jeito, vamos ter que nos livrar. E agora uma frase de mãe: É para o nosso bem.

 

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Enquanto assistia, triste, ao incêndio (sem feridos) no Mercado Público aqui de Porto Alegre, observava as reações das pessoas nas reportagens. Todas inconsoláveis, teve gente desmaiando, passando mal mesmo por estar perdendo um pouco não somente da história do monumento, mas também da sua própria história. Nós todos temos histórias ligadas a espaços da cidade e assim também é com as pequenas coisas. E por pequenas coisas não quero dizer momentos, são coisas mesmo, cacarecos. Existe aquele discurso de que devemos consumir menos (sim, isso é bom), e de que o que importa é o que somos e não o que temos (e é, não é?). Mas a verdade é que contamos a nossa história e mostramos nosso jeito de ser (para nós mesmos, inclusive) pelas coisas também. Brinquedos da infância, coleções, aquele chapéu que nos acompanhou em todas as nossas viagens. Algumas coisas são importantes. E tudo bem se ocuparmos um espaço na nossa casa com elas.

Mas com algumas delas. O que não se pode é viver no meio do entulho.

Guardar papéis de presente velhos, por exemplo, não. Quem acumula coisas do tipo faz isso com medo de que no futuro falte. Mas pode ter certeza, papel de presente é tão certo na vida quanto anjinho de gesso (quem nunca ganhou um?), ele não se extinguirá tão cedo. Precisamos ter em mente que quando nos desfazemos das coisas, abrimos espaço para o novo e, muitas vezes, renovamos alguns conceitos.

Você tem aquela coleção de potes que já está velha e carcumida (ou até mesmo sem tampa, aposto), seus doces ficam com gosto de molho de tomate porque o gosto já entranhou nos potes. Neste caso, eu reutilizo, mistura minhas tintas, dou um novo uso a eles, ou jogo fora mesmo, no lixo seco, claro. Potes de vidro duram mais, assim não gastamos comprando outros, e por isso são amigos do planeta, e não pegam gosto nem cheiro. Colocando seus pertences pra girar, você recicla suas ideias.

Uma ideia que podemos jogar fora é a de que devemos preencher todos os espaços da casa. “Tem aquele canto sobrando, vou por algo ali”. “Tem uma viga livre, vou fazer uma prateleira”. “Hum, ali não pendurei nada ainda…” Não precisa! Dê graças se na sua casa sobrar espaço. Espaço é coisa rara nos dias de hoje, e custa caro! Priorize as áreas de circulação. Você já possui dois sofás lindos e confortáveis, cadeiras lindas na sala de jantar, não precisa de pufes. Só porque todo mundo tem você vai ter? Garanto que ele ficaria ali onde todo mundo faz a curva pra chegar na cozinha.

Livre-se dos excessos. Deixe sua casa respirar e você irá respirar junto com ela.

 

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Peça ajuda, se for preciso, para aquela pessoa que fala as coisas na lata, toda família tem uma, aquela que diz “nossa, esta almofada já deu o que tinha que dar!” sem o menor pudor.

E daí vocês dizem “ah, falar é fácil”. Sim, é fácil porque eu passo por isso. Guardo tudo. Até uns tempos atrás eu guardava o chiclete que eu tinha na boca quando beijei meu marido pela primeira vez, há uns 12 anos (oi?). Pois é, lindo, não? O gesto. O chiclete, nem tanto. Continuava intacto, mas com um aspecto não tão poético, espremido na película de plástico. Pensei, quer saber? eu consigo lembrar da primeira vez que nos beijamos sem ter de olhar para este chiclete. Na verdade, quando olhava para o chiclete nos últimos tempos eu lembrava que só podia estar louca e que eu tinha que tomar uma atitude.

Nós, naturalmente, nos livramos de muitas coisas. Na medida em que amadurecemos, passamos adiante os livros que nunca terminamos de ler, ou que nunca começamos, colocamos fora aquele pincel de barbear que estava “na capa da gaita” ou “pela hora da morte”. Percebemos que estamos rodeados por coisas que não nos representam mais, naturalmente. Darwin explica. Mas para outras situações, ou pessoas – como eu – , precisamos de um pouco mais de transpiração.

 

10 caminhos para ajudar na libertação:

1. Sabe aquela gaveta ou aquele canto do armário que faz quase 2 anos que você não mexe? Ali tem coisa pra ir fora, te juro.

2. Junte tudo numa caixa nomeada Doação. Feche. Lacre. Não abra nunca mais e mande alguém buscar ou entregue em mãos a uma boa alma.

3. Olhe para ‘a coisa’ e pergunte: Isto me representa? Está de acordo com a minha idade (de hoje, viu gente, não a de 12 anos atrás)? De acordo com o que eu faço? De acordo com meus interesses atuais?

4. Peça um help para aquela pessoa sem papas na língua.

5. Pense que alguém irá continuar usando o seu precioso pertence e assim ele terá vida eterna na história deste mundo, mas bem longe de ti.

6. Objetos quebrados, nem pensar. Conserte ou livre-se.

7. No caso de roupas, não adianta olhar para a babylook no cabide e dizer, ah, vai que eu precise usar um dia. Errado. Vista. Vista as peças e olhe-se no espelho. Você não terá dúvidas se aquela roupa deve ser passada adiante ou não.

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8. Não tenha “roupas de ficar em casa” das quais você sinta vergonha na frente de outras pessoas. Quando você estiver indo tomar soro no hospital depois daquela churrascada é com aquele moletom do Piu Piu que você irá (e perceberá só quando chegar).

9. Mentalize quanta coisa legal você ainda terá/ganhará nesta vida e que elas precisam de espaço para fazer e acontecer, ou simplesmente ficarem lá.

10. Pense que se você mantiver em seu lar coisas realmente úteis, que você usa pra valer, você estará sempre movimentando a casa e não terá energias estagnadas, poeira estagnada ou uma traça esganada no seu livro preferido.

Não se sinta pressionado, mas lembre-se que depende só de você. Comece com uma gaveta apenas, vá aos poucos. Eu sei como é ruim a sensação de parecer que não vai conseguir fazer a limpa na casa inteira. É porque você não vai mesmo, de uma só vez. Escolha 1 cômodo e revolucione ele. Depois outro e assim vai indo. Você pode estabelecer metas. Um cômodo por final de semana. Ao final de 1 mês, pode crer, sua casa estará nos trinques.

Espero que este post ajude de alguma forma.

Compartilhe seu drama de acumulador também ou dê sua preciosa dica.

 

Fotos: Reprodução | Composição e texto: Juciéli Botton para Casa Baunilha

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