Quando um pacotinho de fava atravessa a porta da minha cozinha significa que a coisa ficou séria. Seja plantada e colhida pela minha avó ou comprada de um agricultor longínquo que vem até a cidade conseguir seu sustento, a fava, sozinha, vira meu jantar sem nenhum outro acompanhamento.
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Jantar leve com cuscuz
A caixinha de cuscuz tem espaço vitalício na minha despensa. É um quebra-galho de primeira linha quando quero fazer uma janta rápida e que seja leve.
Sou fã desta receita, também, porque posso pegar todos os legumes solitários na fruteira e dar-lhes uma razão de ser na vida. Portanto, um prato que atua em prol do desperdício zero.
Desta vez, fiz com sardinha, cenoura e couve-flor. Mas costumo variar muito os ingredientes. A penúltima receita de cuscuz que fiz, por exemplo, recebeu berinjela e lascas de parmesão. Pois é, o cuscuz é sempre inocente. Os acessórios é que podem ter segundas intenções. Só depende de você. Ou do dia. Ou das emoções.
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Sanduíche quente de porco acebolado na cerveja e gorgonzola
Ficar horas na cozinha preparando um prato que será devorado em cinco minutos. Quem nunca? Uma vez, há muito, experimentei uma receita de “buraco quente” que acabou com esse roteiro. Abria-se um furo em uma das extremidades do pão francês e recheava com alguma preparação quente. Tão prático que virou um dos pratos tradicionais de casa. A foto não mente, me emocionei e acabei cortando a lateral toda do pão, deixando de ser buraco – por isso chamei de sanduíche quente –, mas a essência é a mesma.
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Essenciais da Festa Junina e um luxo: Canudinhos de Salpicão
A quadrilha de quitutes juninos passou por aqui desfilando receitas deliciosas para o Arraiá em Casa. O casamento entre o Quentão de Pinga e o Cachorrinho-chique teve a “bênça” do Beiju da roça, tendo como convidado ilustre o Melhor pé de moleque do mundo, com os cumprimentos do seu excelentíssimo Bolo de milho. Agora é a vez dos essenciais da Festa Junina, aqueles que trazem o sabor da roça sem muito fricote, apenas cozinhando ou torrando.
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Bolo de milho com leite de coco
Bolo de milho é uma delícia, sempre. No meu Arraiá em Casa poderia faltar o quentão de cachaça – só que não faltou e a receita ficou uma delícia –, poderia faltar tudo, menos o bolo de milho. Este bolo é prático porque todos os ingredientes são batidos no liquidificador, inclusive o fermento. O meu ficou baixinho, a foto não mente. A forma era muito grande, só que isso resultou numa textura densa e uma cobertura levemente cristalizada. Ficou parecendo mais uma sobremesa, um doce, do que um bolo. Ou seja, dos deuses. Ou melhor, de São João.
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O melhor pé de moleque do mundo
O melhor pé de moleque do mundo é feito, basicamente, de amendoim cru ainda com a casca, o que confere ao doce uma coloração da espécie de um rosa antigo, e leite condensado. Receita da Juçára, minha mãe.
E aqui não tem essa de guardar segredo a sete chaves. Eu quero mais é que este jeito de fazer pé de moleque se espalhe para eu poder encontrar mais dessa versão por aí. Quer dizer, quando eu puder sair por aí em Festas Juninas alheias. Por enquanto, durante a pandemia, o Arraiá em Casa é a única opção.
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Cachorrinho-chique para o arraiá
É no mínimo curioso que uma avalanche de opções doces surja quando pensamos no cardápio para uma Festa Junina, em detrimento das salgadas. Na minha lista para o Arraiá em Casa já constavam o pé de moleque, o doce de abóbora, o bolo de milho e nada de uma opção salgada. É claro que o pinhão e o milho cozidos, além do amendoim torrado estariam presentes no festerê por serem tradicionais. Mas faltava um prato para, como falam na roça, encher o bucho.
Pensei no cachorrinho-quente. Passa longe da comida típica de Festa de São João mas é prático e uma delícia. A imagem dos pãezinhos de leite e o molho de tomate com as salsichas veio de forma automática. Então teve início a releitura.
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Beiju da roça com aipim ralado
Minha avó, Glaci, é nascida e criada na roça. Para ela, fazer sabão com banha animal era como colocar o celular para carregar hoje: trivial. E todas as comidas eram feitas com o que crescia na roça – as únicas duas coisas que compravam era sal e querosene. Esta receita de beiju, ou beju como ela diz, que é uma delícia e feita apenas com aipim ralado, é perfeita para integrar o cardápio do Arraiá em Casa.
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Quentão de pinga, bem caipira
O nível de adoração que tenho por Festa Junina atingiu o grau máximo depois de elaborar uma opção de bebida quente diferente para o meu Arraiá em Casa: o quentão de pinga. Ele não somente se diferencia do quentão de vinho tinto usual como também faz jus à festa mais roceira de todas. “Marvada” é o que há em termos caipiras.
A cachaça no Brasil tem seu universo próprio, destilando rótulos a perder de vista, incluindo aguardentes altamente sofisticadas. Este quentão feito com a bebida me surpreendeu, pois harmonizou de forma perfeita com os quitutes que preparei para o Arraiá em Casa, mais até do que o tradicional de vinho tinto. Então, alavantú e partiu experimentar esse quentão bão demais.
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Minha ceia de ano novo 2019/2020 com costelinha de porco assada, batatas rústicas, molho especial, lentilha e sobremesa
2020 já começou e, mesmo assim, considero interessante registrar os pratos que fiz para a virada de ano pois são receitas que podemos fazer, na verdade, em qualquer dia. Costelinha de porco assada, batatas rústicas, também assadas, acompanhadas de molho especial. O que não tenho sempre à mesa são os fios de ovos – e isso que adoro doces com ovos. Tem também uma receita de sobremesa e da tradicional lentilha, para trazer sorte e dinheiro no bolso. Pois é, mesmo com Porto Alegre pré-aquecida a quase 40 graus, fui para a cozinha fazer uma ceia para dois. Ah, comi tanta salada no almoço do dia 31 que não me preocupei em fazer uma à noite. Mas confesso que fez falta pra mim. Não adianta, tem que ter salada em todas as refeições. Na próxima, vou elaborar uma.