Florianópolis,  Por aí,  Santa Catarina

O Barroco da Igreja de Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis

Visitar igrejas, para mim, significa entender e conhecer sobre a origem e a história de um lugar. Estética e historicamente muito interessantes, sempre dou um jeito de incluir esses espaços nos meus roteiros de viagem, sejam catedrais majestosas ou capelas simplesmente belas. E eu adoro decoração e arquitetura, então intrinsecamente há um desejo de conhecer lugares assim. Faz tempo que prometo postagens especiais com detalhes das igrejas que visitei por aí, então agora é a hora de começar a cumprir.

Esta é a Igreja de Nossa Senhora das Necessidades, que fica em Santo Antônio de Lisboa, na ilha de Florianópolis, em Santa Catarina. É quase impossível contar sua história sem mencionar o histórico do próprio distrito, que começa lá por 1698 (seiscentos!), quando houve a distribuição de sesmarias ao Padre Matheus de Leão e seus companheiros. Já no início do século XVIII, o sargento-mor Manuel Manso de Avelar se estabeleceu na Ponta do Sambaqui, de onde governava a ilha de Santa Catarina. Somente em 1748 chegaram as primeiras famílias de açorianos ao povoado em expansão. Em 1750, Dom João V, rei de Portugal, eleva o povoado à categoria de “freguesia”, se tornando Freguesia de Nossa Senhora das Necessidades da Praia Comprida. Em 1948 se oficializou o nome de Santo Antônio de Lisboa, já que há muito era este o nome mais usado.

 

Mas voltando ao ano de 1750, enquanto o povoado era elevado à categoria de feitoria, a construção da igreja começava, sobre terras doadas pela filha do sargento Avelar, a Clara Manso de Avelar, muito devota de Santo Antônio e também de Nossa Senhora das Necessidades. Por isso a tradição da comunidade em celebrar essas duas figuras.

Em 1755, a igreja ganha o status de Matriz Paroquial. Ao longo dos anos, vários objetos foram roubados, alguns substituídos e outros recuperados. Hoje, está tombada pelo município de Florianópolis e pelo Estado de Santa Catarina, tendo em vista que é “uma das mais belas expressões do barroco no sul do Brasil”.

 

Rococós entalhados em madeira, com destaque para a pintura descascada. Adoro esse efeito.

 

 

 

 

De dentro, podemos ver as águas da Baía Norte bem em frente.

 

Altar lateral. Adoro que o ventilador e a caixa de som de piso são brancos, não poluindo visualmente o espaço.

 

Madeira, tijolos, madeira.

 

Eu diria que a igreja une dois estilos: o barroco em seu interior e o açoriano na parte externa. Não há como negar: as colunas e os entornos das janelas estão pintados de uma cor diferente do restante e em linha reta, e as telhas exibem aquele detalhe de babadinho de alvenaria embaixo. Por sinal, estavam trocando telhas no dia em que estive lá.

 

Em frente à igreja, uma praça muito tranquila, com boas sombras e brinquedos para as crianças.

 

Sem falar da vista para a Baía Norte e suas fazendas de ostras.

Não havia ninguém na igreja, apenas suas três portas bem abertas recebendo quem quer que fosse.

Era maio de 2018.

As fotos e o texto são de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.

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