Minha avó, Glaci, é nascida e criada na roça. Para ela, fazer sabão com banha animal era como colocar o celular para carregar hoje: trivial. E todas as comidas eram feitas com o que crescia na roça – as únicas duas coisas que compravam era sal e querosene. Esta receita de beiju, ou beju como ela diz, que é uma delícia e feita apenas com aipim ralado, é perfeita para integrar o cardápio do Arraiá em Casa.
Ao contrário do que se pode pensar, o beiju de aipim ralado não era um prato que integrava refeições como o café da manhã ou da tarde. Era, na verdade, a refeição dela. Era o que tinha para comer, muitas vezes.
Em junho do ano passado, a exatamente um ano, ela me ensinava o passo a passo. Confesso que desde o primeiro instante fiquei com vontade de agregar parmesão ralado e bacon frito. Pensa. Ela até me contou que às vezes colocava torresmo – também feito na roça.
Mas calma, lá. Primeiro se faz necessário registrar a receita original, que é fácil e sofisticada na sua simplicidade. Só então irei atualizando meus devaneios culinários.
Para uma porção individual:
- 2 aipins (mandiocas), de preferência novos
- um fio de óleo
- sal
Mão na massa:
- Descasque o aipim, lave e seque com papel toalha;
- Rale – minha avó rala no ralo fino mas desta vez eu fiz no maior;
- Aperte em um pano limpo e seco para retirar o caldo;
- Coloque um fio de óleo na frigideira e ponha uma camada do aipim. Esmague com uma colher para dar liga e polvilhe o sal. Coloque mais uma camada. Quando dourar embaixo, vire para dourar o outro lado.
Simples assim. E para a versão doce, coloque açúcar em vez de sal – mascavo, demerara, cristal, o que você tiver. Mesmo assim, ainda prefiro a versão salgada do beiju.
Nunca tive coragem de fazer receitas em que a comida tivesse que passar por um pano. Esta foi a primeira vez e, sabe de uma coisa? Nada demais. Não doeu e o aipim ficou muito bem, obrigada.
A vó Glaci fazendo o seu “beju”. Com uma frigideira maior, a porção fica generosa.
PS.: Eu não tomo café preto – sou mais do cappuccino – mas meu pai tinha acabado de passar (ou coar, para quem é de São Paulo) e meu marido sugeriu colocar uma xícara para incrementar a foto, baseado no fato de que o café passado harmoniza total com o beiju. Então tá. Trabalho em equipe é tudo.
Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.
3 Comentários
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Daniela
Nossa, eu não sabia que isso chamava beiju. Faço muito em casa com aipim e também com batata ou batata doce. Adoro. E, realmente, com café preto vai muito bem.
Juciéli
Dani, interessante tu dizer isso, porque minha avó sempre chamou de “beju”, então era como eu sabia, só que acho que ela é a única que fala assim, hahaha. Fui pesquisar para justamente escrever sobre o prato e vi que é chamado de “beiju”. Mas sou a favor da gente chamar nossas comidas do que a gente quiser, elas sempre atendem. E essa que tu falou de batata deve ficar uma delícia, adoro tudo que leva batata. Inclusive, me lembra a “rosti”. Nossa, tá me dando fome! E que bom que acertei no café preto, então. Preciso da opinião de vocês, apreciadores, para me orientarem!
Obrigada, Dani. Beijo.