Em maio passado fui à Ilha da Magia fazer um tour de reconhecimento do território. Registrei muito da arquitetura e decoração históricas, pois a ilha guarda essa herança açoriana, e que, claro, quero dividir tudo com vocês. Mas comida é um negócio que mexe com a gente, não é mesmo? E nada mais correto e até ético da minha parte do que começar por ela. Então, aqui vai a lista de alguns lugares e suas delícias (e tem de tudo, de ostra ao melhor alfajor da face da Terra), que talvez possa ser útil pra você numa próxima viagem a Florianópolis.
PASTEL DE CAMARÃO
Box 32 do Mercado Público | Centro
Olha essa. Peguei a dica de onde comer o melhor pastel de camarão de Floripa em uma postagem de 2012 de um blog. Arriscado, não? Mas e não é que ele continua sendo?! Quer dizer, eu não tenho como afirmar que ele é o melhor da cidade mas é, certamente, o melhor que eu já comi. Nunca vi tanto camarão junto em um pastel e, ainda por cima, graúdos. Tenho provas visuais:
Eu acho muito mais clima comer na área central do Mercado, que é aberta para a rua. Mas, se preferir, tem Box 32 na parte interna dele também. Espaço bem charmoso, por sinal. Esse pastel farto, de R$14, foi o nosso almoço assim que pisamos na ilha. Adoro conhecer o mercado público assim que chego em um lugar. É sempre o melhor ponto de partida.
BUFFET LIVRE COM FRUTOS DO MAR À BEIRA MAR
Bar Arante | Pântano do Sul – Rua Abelardo Otacílio Gomes, 254
O Arante é a prova literal da origem da palavra “restaurante”. Ele nos abraçou e nos “restaurou” após o banho de chuva do século que tomamos enquanto fazíamos uma trilha. O ambiente é muito acolhedor com seus milhares de bilhetinhos deixados pelos clientes. Esse décor todo especial e sua história singular tornam o Arante um ponto turístico – em breve teremos post dedicado a ele. Eu sempre fui medrosa para comer ostra com medo de passar mal. Mas uma menina de uns cinco ou seis anos chegou à mesa com seu prato lotado apenas de ostras e, com muita calma, abria e saboreava cada uma. Ela me encorajou. O sabor suave e inexplicável que a ostra no vapor me proporcionou, enquanto eu observava o mar, foi uma experiência e tanto. Obrigada, criança.
O buffet livre custa R$69 e a casa ainda oferece pratos à la carte.
DOCES PORTUGUESES
Delícias Portuguesas | Centro – Rua Visc. de Ouro Preto, 559
Descobri esta casa lusa explorando a cidade no Google Maps. Simples assim. Eu nem sei se eles servem os doces dessa forma, avulsos, ou se estão ali para os clientes que apreciam os pratos com bacalhau, coelho e os vinhos do porto. E eu também nem sei se eles já estavam abertos quando entramos. Era fim de tarde, estávamos cansados de caminhar no centro, queríamos muito uma glicose e a porta abriu quando empurramos. Eles organizavam o espaço para o jantar. Fomos muito bem recebidos. Pedi para tirar fotos do lugar e eles não disseram sim, eles na verdade estenderam um tapete vermelho pra mim. E respondiam a todas as minhas perguntas sobre a casa histórica. Adoro quando um lugar me conquista antes dos “finalmente”.
Pedi uma fatia de um negócio difícil de explicar. É muito sensorial, muito aromático, mas esta é a descrição dele na vitrine de doces: Pão de rala, com massa de amêndoas, ovos moles, doce de gila (uma fruta da família das abóboras) e especiarias. Nós ficamos em silêncio ouvindo apenas os barulhos da casa. Meu marido disse que nunca me viu tão feliz degustando algo. Eu devia estar fazendo cara de quem estava nas nuvens mesmo. Que-troço-bom! Eu amo doces com ovos. Fui pra lá querendo um quindim ou um copinho de ovos moles (e tinha!) mas acertei em cheio na escolha da fatia do pão de rala. Gente, vão direto nessa fatia, sem escalas.
ANCHOVA À BEIRA MAR
Chão Batido | Santo Antônio de Lisboa – Rua Quinze de Novembro, 103
O atendimento dos guris é demais. E todos usam camisetas com frases típicas do falar da ilha. Dos melhores peixes que já comi na vida porque o tempero estava na medida. A quantidade de sal foi precisa, nem de mais, nem de menos. Os peixes são pescados em alto mar na praia do Santinho e assados no carvão. Dizem que serve 2 mas na verdade serve 4 pessoas. Acompanhamentos: salada, pirão de peixe e arroz. O prato custa R$84 e o suco R$8. Toca jazz, chorinho e Pacato Cidadão.
Aquela refeição com clima legítimo de férias. Com pouco movimento, havia apenas o barulho das águas tranquilas da baía norte da ilha. Do deck do restaurante é possível avistar os prédios da área central da ilha e também a Ponte Hercílio Luz, enquanto pássaros mergulham atrás de peixes – nem todos recebem pronto na mesa.
ESPAGUETE DE FRUTOS DO MAR À BEIRA MAR
Muqueca da Ilha | Ribeirão da Ilha – Rod. Baldicero Filomeno, 7487
É tanto peixe na veia que chega uma hora em que sinto falta daquele carboidratozinho, sabe? O espaguete de frutos do mar foi uma escolha certeira. Serve, na real, 3 pessoas e custa em torno de R$80. E fica mais saboroso ainda se degustado à beira das águas da baía sul da ilha, com vista para as montanhas e fazendas de ostras. Em maio éramos praticamente os únicos ali. Ouvíamos apenas o barulho das pequeninas ondas. Uma paz… Quase distribuí uns currículos e fiquei por ali mesmo.
A gente até entrou, sentou e pediu o prato nesta construção histórica de fachada lindona em cores sensacionais. Mas quando ficamos sabendo que o quiosque do outro lado da rua, à beira mar, era do Muqueca também, corremos pra lá.
A sobremesa ficou por conta do café Tens Tempo. Escolhi uma das Brisas do Conde: creme de ovos, nozes, amêndoas e cobertura de chocolate, R$12. Já que a cobertura não é muito grossa, o predomínio é da massa mesmo. E isso faz toda a diferença. Quem olha para a fachada pequenina e fofa do café não imagina o mundo que tem lá dentro. Num próximo post, especial sobre Ribeirão da Ilha, mostrarei mais da decoração.
COISINHAS DOCES DE PADARIA
HiperBom Supermercados | Praia do Campeche – Av. Pequeno Príncipe, 1770
Eu achei que o alfajor seria furada. Grande, parecia ser muito seco. Mas meu marido insistiu. Gente, depois de provar sou eu quem vai insistir: por favor, levem o alfajor. O chocolate da cobertura é cremoso e não aquela dureza da maioria, a massa lembra aquela massa podre, se desmancha toda, e o recheio é cremosíssimo. Ele é grande mas me arrependi de não ter comprado mais. Também levamos o bolo de aipim e a broa de milho. Tudo maravilhoso. Confesso que neste dia jantamos só essas coisas. Não precisou de mais nada.
Tem supermercados HiperBom em outros endereços. Dá pra conferir clicando aqui.
BUFFET LIVRE À BEIRA DA LAGOA
Marquês da Lagoa | Lagoa da Conceição – Av. das Rendeiras, 200
Nós estacionamos em frente ao Marquês da Lagoa e, mesmo assim, caminhamos até o Café Cultura. Chegando lá percebemos o espaço e a decoração que são demais mas, um risoto era quase 50 reais, enquanto que o Marquês oferecia buffet liberado a R$35,90 e, ainda por cima, literalmente sobre a Lagoa da Conceição. Há um deck sobre a água e um trapiche. Almoçar com vista para e ao nível da Lagoa é demais.
Nos pratos: escondidinho de camarão, risoto de frutos do mar e bacalhau com batatas e azeitonas pretas. Também há opções como o bom e velho arroz com feijão. Pedi suco de abacaxi com hortelã (sempre sem açúcar) e estava uma delícia. As pessoas ainda podem deixar barco e jet ski no trapiche do restaurante pagando uma taxa mensal.
BUFFET EXECUTIVO A QUILO
Restaurante Central | Centro – Rua Esteves Júnior, 242
Era dia de semana e a gente quis almoçar com o pessoal da firma, experimentando um dos bufês a quilo mais tradicionais de Floripa – há quase 20 anos no dia a dia dos locais. A comida é uma delícia e eles ainda destacam no quadro quais são os alimentos usados no preparo da refeição que são orgânicos – abastecidos por produtores na parte continental.
Escolhi os enroladinhos de abobrinha e ricota e um folheado de salmão, além de frutas e saladas. Tudo não só com cara mas também com gosto de comida fresca. O suco era de couve e laranja, uma delícia. Tinha, também, a opção somente de laranja. O quilo custa R$59, o suco R$6 e a sobremesa é à parte – não peguei. Provei o arroz de pinhão com alho poró e estava muito bom. A hora mais tranquila é por volta das 13h.
HAMBÚRGUER NA BOEMIA DO CENTRO
Boemia Hamburgueria | Centro – Av. Hercílio Luz, 1179
A Hercílio Luz é uma avenida equivalente à Lima e Silva de Porto Alegre. Mas como se não bastasse a ampla oferta de bares e restaurantes, a avenida ainda tem um canteiro central arborizado onde os estabelecimentos colocam suas mesas. A noite ferve no meio da rua e não dá vontade de ir a outro lugar se não ficar ali mesmo. O lanche no Boemia é demais, mas fomos conquistados pelo atendimento. Os guris sabem receber. Nos explicaram o cardápio sem aquele palavreado vendedor e nos deixaram muito à vontade para dividir o sabor que carregava dois hambúrgueres, o Boemia Burguer. A cerveja estava bem gelada e, como se não bastasse, trocaram de canal pra gente – tinha jogo da NBA – e ainda tiraram umas dúvidas sobre um azulejo na parede que eu adorei. Me senti em casa. O cardápio ainda conta com opções vegetarianas e veganas, em que se pode optar por hambúrguer de grão de bico ou de feijão fradinho.
Indo embora, do outro lado da avenida, me chamaram a atenção as samambaias suspensas sobre a calçada e a parede de tijolo à vista do Giratta Bike Café. Parece ser um lugar dedicado mesmo a quem gosta de pedalar (e não só um nome) pois tinha várias bikes “estacionadas” dentro do espaço, além de um cardápio interessante, com pão de queijo tradicional e pão de queijo “não de queijo”, feito com batata doce, sem lactose, sem glúten. Eu como de tudo mas gosto de compartilhar essas descobertas porque sei que não é fácil para as pessoas encontrarem esse tipo de opção. Queria provar as brusquettas com pão de fermentação natural. Ficou para a próxima.
Fotos no meu celular, à noite, ficam lindas assim.
Essas foram as sugestões de onde comer em Floripa. Criei este mapa para visualizarmos melhor a distribuição dos lugares. Tem opções de leste a oeste e de norte a sul.
Estavam na minha lista mas ficou para a próxima:
No continente:
- Confeitaria Krauss
- Boteco Zé Mané
Na ilha:
- Pizzaria Basilico
- Max Gelateria
- Café Cultura
- O Barba Negra
- Ponta das Caranhas
- e algum restaurante à beira do canal da Lagoa da Conceição (foto)
Se você tem uma sugestão deliciante de onde comer em Floripa, conta pra gente nos comentários.
Fotos, mapa ilustrado e texto: Juciéli Botton para Casa Baunilha
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