Ter apenas um “bocadinho de chão” (quem aí assistiu à novela Rei do Gado?), sem ter necessariamente uma casa construída, pode apresentar muitas vantagens. Elas vão desde o exercitar da criatividade até o adquirir intimidade com o terreno e com a vida campeira, antes de se tomar grandes decisões. Eu tinha muito pouco contato com esse dia a dia e não ter um lugar onde eu possa parar no sítio, uma casa, um quiosque, um teto, exige um outro pensar sobre a propriedade e outras atitudes que acabam fazendo eu entender o estar ali de um jeito que talvez eu nunca experimentasse caso eu já tivesse tudo pronto, ou se tivesse chegado levantando paredes e tudo mais.
Como não temos cozinha, a partir da necessidade, fomos adaptando tudo. Do cardápio do almoço a utensílios. Fizemos a churrasqueira com pedras e tijolos que encontramos, criando aquele bom e velho fogo de chão. O escorredor de massa virou panela, que esquenta e defuma ao mesmo tempo, e a grade do fogão virou grelha. Em poucos minutos tínhamos um recheio de sanduíche delicioso.
Esse tipo de comida acaba caindo leve no estômago e comemos pouco também. Não dá vontade de dormir depois, o que ajuda muito quem tem um tanto de coisa para fazer, pra cima e pra baixo sob o sol.
A mesa de trabalho, também adaptada.
Uma constelação de alho em pó.
Além dos almoços improvisados, a construção do braseiro foi motivada justamente por ser um jeito de arrumar o que fazer por lá, passando mais tempo no sítio, me sentir útil, criar, fazer algo com as próprias mãos, além de ser algo possível de se fazer com poucos recursos. Dessa forma, a gente vai criando intimidade com o terreno e as necessidades vão se descortinando. Há um sentimento de cumplicidade com a natureza, as plantas, os animais, e dessa cumplicidade vamos desenhando o que será feito mais para frente. E esse desenho muda quinhentas vezes, hahaha. Mas isso se deve pelo fato justamente de termos bastante informação sobre o lugar. Os objetivos vão afinando conforme passamos mais tempo por lá.
Rogerinho relaxando.
Frango desfiado, cebola cortada em rodelas, pimentão verde, páprica defumada, alho em pó.
Azeite extravirgem no pão, rodelas de tomate e folhas de alface lisa na base e broto para finalizar.
Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.