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Se você está comendo, você não plantou

Se você está comendo, você não plantou. Essa frase é linda e é a expressão da verdade. Quando começamos a pesquisar sobre os frutos que gostaríamos que dessem no sítio, descobrimos que algumas árvores levam até 20 anos para atingir a maturidade produtiva ou, ainda, para começarem a produzir os primeiros frutos. E muitas frutíferas produzem por décadas, quase completando um século.

Fica claro o quão importante é o que fazemos hoje, em termos de relíquias naturais que deixamos para as futuras gerações. Seja ambientes sem lixo, água potável ou uma araucária produzindo muito.

Natureza e pressa não andam juntas. É preciso tempo para esperar e para aprender. E quem está sempre disposto a aprender sobre plantio é o meu avô, que já poderia se dar por satisfeito aos 93 anos e dizer que sabe de tudo, mas não. Ele há pouco estava aprendendo a plantar tomate. Criou traquitanas para manter o canteiro erguido, com muita paciência e com muito pouco da visão.

Percebi que nós dois temos isso em comum, o lifelong learning, o estar sempre aprendendo, não importa a idade, não importa se é um assunto que escapa à atividade de trabalho, se dará trabalho.

Fiquei muito feliz com a visita dos meus avós no sítio. Queria muito ouví-los, ver eles dizerem planta isso, planta aquilo, faz assim, faz assado. Meu avô disse que a gente tem que estudar muito, estudar o solo, ver o que pode dar ali, que não é assim sair fazendo as coisas. Adoro. O eterno aprendiz.

Eu também adoro processos, acompanhar o desenvolver das criações, descobrir como se faz e quais podem ser os novos jeitos de fazer as coisas.

Se levará um ou vinte anos para colhermos os frutos desse trabalho, é um detalhe que até fica pequeno diante da jornada toda que se tem pela frente.

Foto e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.

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