banheiro / lavabo,  Crônicas,  DECORAÇÃO,  Decorar,  Vida e Carreira

Apartamentos platônicos

Pesquisar imóveis se tornou um hábito pra mim. Eu, que já me mudei incontáveis vezes na vida, me vi muito cedo tendo que procurar apartamentos. Quando dei por mim, estava seguindo na profissão uma vez que amigos e familiares precisavam de um help e eu, prontamente, aparecia com uma lista de possíveis novos endereços.

Tenho acompanhado a alta dos aluguéis e das vendas há muito. Com a pandemia, então, os apês que antes eram facilmente descartados por uma série de questões, hoje custam preço de luxo. Pela lógica, não é preciso ser um buscador para deduzir que os já caríssimos ficaram ainda mais inacessíveis.

E é aí que mora o problema. O meu problema. Sabe quando dizem que uma noiva jamais deve provar um vestido fora do orçamento só por diversão? Então… eu olho apartamentos que estão totalmente fora do meu orçamento porque sou curiosa e gosto de ver como é por dentro. Sobretudo os antigos e gigantescos, geralmente localizados no centro histórico.

Adoro os detalhes dos azulejos curvos, que dão acabamento à meia parede da cozinha. Os tacos já envelhecidos que eu poderia apenas lixar e deixar na madeira mesmo, porque quem tem que brilhar é ela e não o sinteco. As áreas de serviço que mais parecem salões de festa, onde a máquina de lavar não fica na frente do tanque e muito menos na cozinha. Coberturas com áreas abertas que têm até chafariz. Espelhos do tamanho do mundo nas paredes.

É um passeio que não custa nada. Quer dizer, custa um pouquinho. Um pouquinho da minha paz. A paz de uma apaixonada por decoração e vintages.

O último apartamento que me tirou do conforto mental possui dois banheiros que não são deste planeta. Monocromáticos, tom pastel, antigos e originais. Daqueles em que até o gancho da toalha é de louça.

Não foi fácil saber que esses banheiros existem e que não farão parte da minha vida. Não foi fácil saber que nunca terei de esfregá-los.

Sei que fui por um caminho sem volta. Por isso venho aqui lhe dar um conselho: não olhe, não procure, se você não puder bancar. Você se apaixona, você ama, você deseja, você faz mil planos e o término sempre vem. Mas o problema não é você, é ele.

Se não era pra ser, melhor que cada um siga seu caminho. Só não quero saber das notícias, que o novo dono botou tudo abaixo e substituiu por um porcelanato horroroso de quinta categoria.

Pelamor, não quero saber.

Texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha | Fotos: Reprodução

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *