Por aí,  Rio Grande do Sul,  Serra Gaúcha

O Desafio Jovem que leva Três Coroas para além do Templo Budista

 

Enquanto eu conhecia o famoso Templo Budista em Três Coroas ficava pensando, nossa, acho que isso dá um post com os detalhes do décor e tudo mais. Como não havia uma programação de atividades por lá no horário em que eu estava pois era fim de tarde, como vocês podem perceber pela luz nas fotos, o que restava era acompanhar o grupo de pessoas que estava lá para conhecer, olhar os monumentos, visitar os templos e contemplar a natureza. E tirar fotos, claro.

Pois mal sabia eu que, depois dessa bela visita, de volta ao centro da cidade, eu ainda fosse encerrar meu dia com uma boa notícia. Na verdade, não imaginava encontrar uma jóia rara logo ali. Foi como num episódio dos Simpsons. A história começa com um determinado assunto e, quando você menos espera, a trama já é outra.

Meu namorado e eu temos um ritual pra conhecer uma cidade que é passar um tempo agradável na praça principal, tomando chimarrão e observando o que acontece, as pessoas, os costumes, o ritmo. Pois na praça central de Três Coroas perguntei a uma mulher onde poderíamos comer salgados, doces, coisas de padaria e café – na verdade eu estava louca por um quindim- e ela “sim, tem um lugar maravilhoso, o Desafio Jovem, fica ali assim, dobrando mais adiante, indo reto, segue toda vida…”. Enquanto nos deslocávamos até lá, ficávamos repetindo que o nome era estranho pra uma padaria ou um café, como assim, Desafio Jovem? O que tem a ver?

Chegamos e logo vimos que, ao lado, grudada na padaria tinha uma pizzaria, e que a padaria não era só padaria, era um mercadinho. E vimos que as verduras, algumas orgânicas, tinham preços absurdamente baratos. E começamos a fazer as compras da semana ali mesmo. E também comemos quindim. Era maravilhoso. Os funcionários todos muito atenciosos. Chegando no caixa, o homem explica que estávamos comprando em um estabelecimento voltado para a recuperação de jovens que já foram dependentes químicos. Alguns produtos eram feitos por eles ali no local, como pães e doces, e outros, plantados em áreas parceiras e colhidos por eles. Eles mesmos atendiam e a pizzaria, que abriria mais tarde, também funcionava com o trabalho deles.

Eu achei aquilo tudo sensacional. Quanto mais o homem explicava, que pessoas do mundo todo vinham tentar uma segunda chance ali no centro, ficava muito orgulhosa. E fiquei tão, tipo, cadê a divulgação disso? Tem que fazer todo mundo saber disso pra que venham prestigiar o trabalho dessas pessoas – de quem ajuda e de quem é ajudado. Pena que nós precisávamos voltar e já era tarde, mas ainda queremos muito jantar na pizzaria um dia.

Como não consegui fotografar o local do Desafio Jovem, vamos ficar somente com as imagens que fiz do Templo Budista, que também é cheio de belezas, naturais e construídas.

 

 

Em Três Coroas o Desafio Jovem começou em 1989, quando um empresário resolveu ajudar o sobrinho que era dependente químico e, com o tempo, a possibilidade de recuperação começou a atingir toda a comunidade. Mas antes de tudo isso, o Desafio Jovem nascia em Nova Iorque, em 1958, por meio do trabalho de um pastor realizado nos guetos. Hoje, o programa ajuda pessoas em mais de 100 países.

E são várias as atividades que são realizadas, como de ressocialização e profissionalização, cursos, suporte emocional e também de prevenção graças a uma equipe de muitos profissionais, como psiquiatras, dentistas, educadores físicos, técnicos agrícolas e também da área da gastronomia, só pra citar alguns.

Realmente fiquei muito feliz em saber que esse trabalho existe. Talvez já tivesse ouvido falar, mas nunca tinha tido contato mais de perto.

 

São tantos os detalhes no Templo Budista, gente. O que mais tem por lá é coluna. Daí fiquei pensando, por que não ornamentar as colunas das nossas casas também? Principalmente aquelas internas, que a gente tem vontade de remover mas sabe que não pode. Olha só, acompanhem meu raciocínio: dá pra pedir a um profissional do gesso que faça uns adornos com ondas ou linhas retas, como você preferir, ligando a coluna ao teto num sentido em diagonal. E daí você colore conforme o seu décor e a cor das suas paredes. Ia ficar o máximo e soluciona aquela visão monótona da coluna reta chegando muito sem graça até o teto.

 

Nas costas do monumento, um padrão repetitivo com texturas de budas. Eu jamais colocaria textura nas paredes da minha casa já prevendo o pó que se acumularia em cada voluminho. Pois é, eu sempre penso na questão “fácil de limpar” quando faço escolhas pra minha casa porque sou eu mesma quem limpa, então o meu alarme para superfícies impossíveis está sempre ativado! Mas, pra uma área externa como essa, numa região que é praticamente uma open bar de ar puro, tá tranquilo, tá favorável. E tá lindo, olha isso!

 

 

O nosso amigo cão mostra as reformas que ocorrem no templo. Mais ao fundo, monumentos já com o acabamento em branco e dourado. Os dois que estão em primeiro plano exibem alguns detalhes e cores originais. Posso confessar uma coisa? Me agrada mais o concreto com o colorido. Sim, sim e sim, eu sei que deve ter uma razão de ser branco e dourado, mas estou falando aqui de gosto pessoal, de decoração, afinal, também é pra isso que estamos aqui 🙂

 

Num outro ângulo, mais um detalhe revelador até do tijolinho que forma as partes arredondadas do monumento.

 

 

Desculpa, gente, mas tudo que eu sei sobre o Budismo, sobre a “ciência da mente” eu extraí do filme com o Keanu Reeves. E depois que os créditos subiram, o que eu nunca esqueci, porque é uma ideia que eu adoro e que volta e meia eu tento aplicar no meu dia a dia, é o caminho do meio. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, uma colher de Nutella por semana e deu, sem exageros. Brincadeira, eu nunca tenho Nutella em casa pra não ter que lidar com isso.

E lendo sobre as bandeiras coloridas, achei interessante como numa determinada cultura não necessariamente todas as suas características surgem juntas. Ao longo do tempo, as pessoas acrescentam outras. Como as bandeiras. Lá no Tibet, um mestre indiano, por meio da xilogravura, imprimia mantras sobre tecido. São cinco cores que representam cinco elementos, cinco budas diferentes, cinco sabedorias para lidar com os cinco venenos da vida. Como o Budismo trabalha muito com a potência e a energia que existe numa ação (daí a ideia de karma), materializar os mantras tendo intenções positivas significa criar uma fonte de energia positiva e pura. E como o ar é um elemento que ocupa todos os lugares, essa energia estará também por toda parte.

 

 

Pedi para tirarem as nuvens porque estavam poluindo a imagem…

 

 

Estas são as pedras Mani. Li que no Tibet, camponeses realizam suas atividades durante a primavera, o verão e o outono. No inverno, reclusos em suas casas, eles esculpem em pedras um mantra carregado de história. É como se fosse um exercício de devoção. As pedras Mani estão espalhadas pelos caminhos do Tibet, algumas somente pintadas, e viram lugar de oração. Li que tem até um sentido correto para passar por elas.

 

 

 

Bandeira amarela é a da generosidade que gera igualdade. Quando fazemos boas ações aos outros, nós também nos beneficiamos. Que diga o pessoal do Desafio Jovem. Fazer algo útil para alguém é também útil para quem faz. E isso purifica o orgulho – um dos cinco venenos da vida.

 

 

 

 

As tonalidades vivas e as formas ricas em detalhes, combinadas, fazem os espaços ficarem incríveis.

 

 

Luz de fim de tarde. A BFF do fotógrafo 🙂

 

 

 

Equilibrar pedras parece ser uma atividade do tempo da pedra – não tinha como não falar, gente. Mas pelo menos é isso que os textos dizem. Até que ela foi incorporada como uma prática de meditação. Se você se concentrar em tentar equilibrar as pedras, sua mente se voltará para o presente e aliviará uma série de sentimentos que não estejam te ajudando no momento. Empilhar pedras não deixa de ser uma brincadeira, e brincar é criar um momento agradável, que alivia o estresse e traz felicidade. As pedras empilhadas ainda tem uma conexão com as pedras Mani. Essas pilhas também são encontradas pelos caminhos do Tibet. As pessoas vão acrescentando pedras à pilha ao mesmo tempo em que fazem uma oração. Então as pedras da pilha também são chamadas de pedras Mani, pois carregam um mantra, uma oração. Quem se interessar pela brincadeira de empilhar como um processo de meditação procure saber mais porque tem algumas técnicas interessantes como escolher bem as pedras e prestar atenção em suas características como formato, peso, porque toda essa atenção vai te fazendo mais calmo e mais no presente.

 

 

Será que só eu reparo em plantas que ornam com a construção? Sem contar que o tamanho agigantado da suculenta na foto de baixo já me deixou um bom tempo intrigada lá no templo. E, como podemos notar, está sendo criada a deus dará, sob sol e chuva. As minhas eu trato a pão de ló e não sobrevivem. Mas voltando ao fato das plantas combinarem com a cor da parede externa do templo, será uma questão de sobrevivência e as plantas deram um jeito de se camuflar na paisagem? Será que o pessoal do templo pintou a parede em função delas (deixa eu viajar aqui)? Será que o pessoal do templo pintou as próprias plantas (deixa eu)? Coincidência? Quer saber? Melhor não saber, mesmo, acabaria com todo o mistério. Deixa assim. Amei esse tom sobre tom. Plantas que ornam com a casa têm meu respeito e admiração.

 

 

 

 

 

Gente, como não me render a essas micro florzinhas?! Se elas já são minúsculas, o que dizer dos botões, pequenas unidades que ainda vão florescer. E as pétalas apresentam essa mistura linda de rosa e branco. Tinha que conseguir plantar algumas dessas em jardineiras no meu apartamento. Eu não teria como ficar mais zen.

 

Vou listar aqui alguns links interessantes que encontrei durante a minha pesquisa:

– Para saber mais sobre o Desafio Jovem de Três Coroas, Rio Grande do Sul, clique aqui.

– Sobre o Templo Budista de Três Coroas, clique aqui.

– Um texto diferente explica o Budismo falando o que ele não é. Leia aqui.

– Sobre as bandeiras coloridas e suas representações, clique aqui.

– Sobre as cinco sabedorias do Budismo, clique aqui.

 

Fotos e texto: Juciéli Botton para Casa Baunilha

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