Reaproveitar e transformar materiais para oferecer um novo uso aos objetos é um dos prazeres que eu tenho. E esta reutilização veio na hora certa, quando a gente precisava de móveis para a casa alugada.
Toda vez que passava pelo depósito do meu sogro, via umas partes brancas de alguma coisa de ferro bem fino despontarem em meio a um caos de sucatas. Quando o Bruno subiu até o mezanino, onde mora esse emaranhado de materiais praticamente descartados, ergueu parte do que seriam grades de proteção de ar condicionado. Na hora, pensei: – Com algumas prateleiras de madeira posso ter móveis novos.
Dito e feito. As grades antigas de proteção se transformaram em móveis novinhos para a minha casa. A grade menor eu reutilizei como rack para a TV. A maior será transformada em uma estante e o processo eu mostrarei em outra publicação. Agora vamos ao passo a passo do rack da TV.
Primeiro, cortei as partes que eram chumbadas na parede para que o móvel ficasse com as faces alinhadas e sem pontas. À esquerda, uma das pontas que foi cortada e, à direita, o pé corroído pela ferrugem. Peguei a parte da esquerda e soldei na da direita e o móvel ganhou um pezinho novo. Agora ele poderia se sustentar sozinho.
Lixar é fundamental para retirar as saliências, o descascado da pintura antiga, além do concreto que respingou de obras. Usei lixa para metal, além de máscara e luvas.
Retirei o pó da lixação com um pano limpo e seco e segui com a pintura. Usei um pincel pequeno e esmalte sintético para madeiras e metais, na cor preto fosco, de secagem rápida. Era o que eu tinha em casa. Caso fosse comprar, teria investido em uma tinta à base d’água. Sou alérgica e as tintas à base de água são menos agressivas. Usei máscara e aconselho o uso, também, de um óculos bem vedado, tipo de natação, porque pode irritar os olhos.
Duas demãos foram suficientes para dar boa cobertura ao móvel.
Muito importante: não optei pela tinta spray porque, neste caso, além de ter desperdício pois a grade é muito fina, as partículas ficariam no ar por horas, a gente iria inalar depois, além de se depositarem nos itens que nós usamos e nas plantas. Uso a tinta spray para pequenos objetos, colocados dentro de uma caixa de papelão durante a pintura para reter ao máximo as partículas.
Encomendei ao marceneiro 3 tábuas de pínus tratado. Elas têm medidas diferentes porque a grade não é cem por cento alinhada.
Outro detalhe: as tábuas que encontrava no mercado tinham apenas 30 cm de profundidade, enquanto precisava que fossem maiores. O marceneiro fez o trabalho de colar um pedaço em cada tábua para chegar nas medidas corretas.
Optei por usar, por enquanto, a madeira crua, sem passar acabamento pois gostei dos tons naturais da madeira, sem verniz. Talvez, mais adiante, eu aplique um selador, pois aqui no Rio Grande do Sul temos muita umidade e tudo mofa. Como estamos na primavera e daqui a pouco esquenta de vez, vou deixar a madeira assim, mais próxima do natural.
Depois é só se divertir, mais ainda, decorando. O rack é o móvel perfeito para dispormos livros pesados de capa dura, pois podem ficar deitados. Como o miolo é menor do que a capa, se guardamos na vertical em uma estante, com o tempo o miolo pesado começa a descer e a descolar da lombada. Então, para preservar esse tipo de livro mantenha-os deitados e tudo ficará bem. Coloquei os da flora brasileira, que são bem pesados.
Os livros sobre as plantas têm tudo a ver com as peças de madeira. Meu sogro encontrou no sítio esses pedaços diferentes de troncos, uns, inclusive, com uma casca que parece animal print, lembram pele de chita. Ele sabe que adoro essas coisas diferentes e me presenteou.
Ando pelo sítio de olho em peças diferentes, seja em madeira, pedra, galhos, folhas, o que for, e com elas vou decorando a casa. Uma vez encontrei uma pena muito linda, coloquei em um vaso como se fosse uma flor, o Bruno passou e perguntou: – O que é isso? E eu: – Casa folk. E assim pegou o apelido da casa.
Tem vídeo da transformação! Confira no canal da Casa Baunilha.
Agora vou transformar a grade maior e logo publico aqui. Até mais ; )
Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.