Guia 24 horas em: Porto Alegre

Eu só posso não estar bem mesmo. Criar uma série de posts com ideias para passar 24 horas em cidades que oferecem um mundaréu de opções culturais, gastronômicas e turísticas (as pequenas e tranquilas cidades também terão o seu).

Mas vamos lá, pois se não são os desafios a vida fica sem graça.

Quando comecei a pensar sobre o assunto, o que primeiro me ocorreu foi: Estas 24 horas seriam pra quem? Quem é essa pessoa? Alguém que nunca esteve lá, uma pessoa que até já foi ou um morador local? Então compreendi que o personagem principal é a própria cidade e o pano de fundo são as 24 horas. Ou seja, independe da pessoa. Dito isso, que impressão alguém poderia carregar depois de transcorridas as 24 horas? Que cheiro marcante ficaria da experiência? O que teria visto que não se repetiria em nenhum outro lugar?

De repente, entendi tudo.

No Guia 24 horas não há distinção entre dias de semana e finais de semana e as atividades condizem com os períodos do dia e não necessariamente com horários rígidos e oficiais. Ou seja, confira data e horários de funcionamento dos locais para o seu planejamento.

PORTO ALEGRE | RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

7h30 | Bom dia! Vista a manta e a touca de lã ou coloque uma regata e chinelos, depende de como a cidade acordou hoje.

8h | Comece com um café da manhã na Lancheria do Parque, tomando o suco natural especialmente servido na jarra do liquidificador.

Atravesse a Av. Osvaldo Aranha com toda a atenção voltada para suas palmeiras imperiais enfileiradas, lembrando da avenida Mulholand Drive do filme Cidade dos Sonhos, do David Lynch. Eu sempre lembro.

Caminhe pelo Brique da Redenção e aproveite toda a vibe que a simbiose parque-feira-pessoas proporciona. Ande na roda gigante do Parquinho da Redenção para uma visão privilegiada do topo das palmeiras e prédios da Osvaldo Aranha e do verde do Parque da Redenção.

12h | Almoce no Mercado Público em meio a sua luz enfraquecida, seus aromas, seu burburinho e sua gente.

Compre a erva-mate Amizade (não a moída grossa, mas a tradicional) na Banca 16 – Rancho Gaúcho.

13h30 | Dê a volta no histórico Chalé da Praça XV para ver onde o bonde fazia a curva e a arquitetura dos botecos que contornam a praça.

Siga a caminhada por um dos pontos turísticos mais icônicos de Porto Alegre, a Rua dos Andradas, passando pela Esquina Democrática e sua gente apressada.

13h45 | Passe pela Biblioteca Pública e veja a Sala Egípcia.

14h | Na Praça da Alfândega, visite o MARGS pela arquitetura e obras, algumas do Xico Stockinger.

15h | Continue o caminho pela Andradas e você entrará na zona da boemia da rua, chegando na Casa de Cultura Mario Quintana. Lá, visite o quarto do Mario no segundo andar, o Museu de Arte Contemporânea, o jardim do quinto andar e, ao sair, de volta à Andradas, espie as torres altíssimas da igreja Nossa Senhora das Dores.

16h30 | Pegue o barco Catamarã e vá até a zona sul. Aproveite para ver Porto Alegre sob o ponto de vista do Rio Guaíba. O Cais Mauá, a antiga Usina do Gasômetro e toda a beleza da orla se revelam durante o trajeto.

16h45 | Visite a Fundação Iberê Camargo de arquitetura premiada, acervo lindo e vista uau! para o Rio Guaíba.

17h30 | Vá para o outro lado da rua do Iberê, ou seja, atravesse a Av. Padre Cacique, encontre a cúpula da Catedral Metropolitana olhando em direção ao centro – adoro fazer isso – e sente no gramado para curtir o espetáculo do pôr do sol tomando chimarrão, preparado com a erva-mate Amizade.

18h30 | Vá para o tradicional Bar Chopp Petiscos para o esquenta da noite. Acomode-se no balcão e peça um chope e o petisco Macanudo, segundo lugar no Comida di Buteco este ano mas que por mim teria sido o primeiro. O Macanudo nada mais é do que a reunião de sabores do sul: bolinhos generosos de moranga cabotiá, recheados com charque e radici, acompanhados de pinhões e queijo coalho flambados na cachaça.

19h | Suba a escadaria do viaduto da Borges e peça, no Justo, as sobremesas La Guapa e 3 Leches. Sente na escadaria, por favor, e deguste calmamente, contemplando a beleza notívaga da Av. Borges de Medeiros. Depois, vá para a escadaria do outro lado do viaduto, na roda de samba de raiz do bar Tutti Giorni para queimar as calorias.

20h30 | Pegue um lugar numa das mesas de calçada próximas ao cruzamento das ruas Lima e Silva e República. Um bom papo pode segurar você por horas, só curtindo a energia da Cidade Baixa.

23h | Um show daqueles na histórica casa noturna Opinião vai te manter afastado do frio.

1h | O pós noite acontece no melhor estilo “o bom filho a casa torna”. Peça um Xis, iguaria do sul e de mais nenhum outro lugar no mundo, na Lancheria do Parque, a mesma que te deu bom dia.

Espero que tenham gostado deste primeiro roteiro, que não poderia deixar de ser na minha cidade.

Até o próximo.

Fotos, composições, arte gráfica e texto: Juciéli Botton para Casa Baunilha