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A importância do contraste na decoração

É uma característica da minha casa estar sempre mudando e é algo que já entendi. Porque mudo. Na medida em que amadureço, as ideias que tinha sobre a vida e preferências já não governam mais a minha cabeça e dão lugar a outras. Somente a minha apresentação no blog eu já perdi as contas de quantas vezes reescrevi – fica na barra lateral para quem acessa em tela grande, ou lá no final para quem vê por celular, ou na parte SOBRE do menu. Não mudar é, no mínimo, duvidoso. Algo não vai bem.

E se teve um canto da minha casa que se modificou muito, e por muitas vezes, foi o da TV. Tenho o rack que fiz no estilo faça você mesmo, suspenso e instalado acima da TV, o que liberou o móvel que fica abaixo dela. O décor deste móvel já mudou horrores. Embora sempre satisfeita com as mudanças, aquela sensação de que alguma coisa ainda faltava nunca me deixou. E o que faltava eram, exatamente, algumas noções sobre CONTRASTE.

Foi na base da tentativa e erro, com objetos que sempre moraram em casa, que descobri que o item mais importante na harmonização de interiores, quando se trata de decorar um espaço, é o contraste. Não adianta ter móveis espetaculares e duráveis, superfícies gostosas, texturas atuais e objetos de design assinado se não houver contraste. Então é sobre o contraste que quero falar, tomando como exemplo o móvel que tenho embaixo da TV.

Estas são fotografias de alguns dos vários arranjos que tive sobre o móvel ao longo do tempo. Podemos observar logo de imediato que as tonalidades dos objetos transitavam no campo da cor do próprio móvel. Tudo girava em torno dos tons terrosos e amadeirados.

À esquerda: esculturas em tonalidades próximas da cor do móvel. À direita, escultura, bowl cerâmico e livros que não agregam novas tonalidades. E ainda nesta foto, repare que a maioria dos objetos possui a mesma altura, todos baixinhos, mais próximos do tampo do que qualquer outra coisa.

 

Aqui, mais um arranjo com objetos de tonalidades amadeiradas. Parece até que brotaram do próprio móvel e que tudo pertence à mesma época, a dos tempos antigos.

Para acabar com a sensação de que algo estava faltando e trazer harmonia visual para o espaço, corrigi 4 contrastes: o de cores, o de épocas, o de texturas e o de volumes. O resultado foi este:

 

CONTRASTE DE CORES

Troquei os livros de capas terrosas pelos coloridos, cuidando para as cores harmonizarem. Há também o colorido das plantas, como o buquê de flores brancas, que minha mãe generosamente me deu – obrigada, mãe – e os cactos. Também adicionei objetos claros para contrastar com a madeira do móvel, como os três vasos de cerâmica que fiz, o casal de cisnes (saleiro e pimenteiro) e o prato com o palo santo queimado. Ainda adicionei uma lembrança de viagem super colorida, o copinho ilustrado (sobre os livros). As próprias garrafas adicionam cor por meio dos rótulos e dos líquidos. Ainda posso aumentar o contraste colocando uma bandeja, para limitar os itens do bar.

CONTRASTE DE ÉPOCAS

Uma pessoa como eu, que adora uma peça vintage, precisa tomar cuidado para o espaço não ficar datado. Outra questão importante: embora nas três fotos de antes haja vários objetos contemporâneos, o fato de terem uma tonalidade próxima do amadeirado e estarem em contato com o móvel de madeira faz todos parecerem antigos. Não adianta a cestaria ter sido feita nos dias de hoje, o livro ter sido impresso no mês passado, as esculturas feitas neste ano e as flores estarem frescas. Ainda assim, se não houver contraste temporal, em que os objetos de hoje apresentem cara de hoje mesmo, o ambiente provocará aquela sensação de datado, monótono e de que falta alguma coisa. No caso, os livros coloridos, o souvenir de viagem, a coqueteleira cor-de-rosa e as flores frescas contrastam em época com o móvel e a cesta, até mesmo com os cisnes que, embora novos, parecem ter saído da casa da minha avó.

CONTRASTE DE VOLUME

A diferença de altura dos objetos, de seus volumes em geral, é muito importante também. Uma das fotos de antes mostra a maioria dos elementos muito baixos. Ter itens de corpos variados, altos, baixos, largos, finos traz harmonia e sensação de equilíbrio, ou seja, de que não falta nada. No meu cantinho tem desde a bolacha de bar achatada até flores em galhos altos.

CONTRASTE DE TEXTURAS

Palha, madeira, vidro, líquidos (tanto das bebidas quanto a água no vaso das flores), papel, louça, cerâmica, papelão, plantas naturais, metal e plástico. A riqueza de texturas gera contraste, traz harmonia e espanta a monotonia.

 

Tem algum canto na tua casa que parece que nada acontece por lá? A monotonia é tamanha que não dá vontade de permanecer um minuto sequer no espaço? Tente trazer mais contraste para o ambiente. Eu tenho certeza que vai ficar muito mais agradável e convidativo.

Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.

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