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Os outros programas gringos de decoração e reforma a que assisto – e seus problemas

Na publicação anterior, contei quais eram os meus dois programas de reforma e decoração preferidos. É claro que não acompanho apenas dois, já que o mundo desse tipo de entretenimento é maior que o nosso próprio mundo. Então trago agora uma lista dos outros programas aos quais também gosto de assistir, mas que apresentam alguns aspectos que não me agradam, que chamei de problemas, e por isso não entraram para a lista dos meus programas de renovação de casas favoritos. Vamos a eles:

 

Ame-a ou Deixe-a Vancouver | Ela reforma a casa em que os participantes moram. Ele, corretor, procura uma outra para se mudarem. Os moradores precisam decidir se ficam ou se a deixam.

Adoro a Jillian e o Todd, confesso que ao longo dos anos me afeiçoei a eles. Adoro as renovações, tons sóbrios, aquela coisa. A Jillian entrega casas dignas de capa de revista. Embora às vezes o estilo beire ao glamuroso, com muito brilho, que não é o meu estilo. O problema do programa são os dramas. A Jillian só sofre, o tempo todo. São infiltrações, mofos, esgoto vazando pelo quintal, vigas de sustentação podres, canos instalados de forma incorreta, gambiarras elétricas. Toda hora ela precisa dar uma péssima notícia aos donos do imóvel, que deverão arcar com 10 mil dólares para solucionar, dinheiro que eles não verão pois estará sob o piso, dentro da parede ou enterrado debaixo da casa. Os meus 2 programas preferidos passam por esses perrengues de boa, sem a novela mexicana. Outro fator que não me agrada é que não consigo aprender muito com as reformas porque o programa não mostra em detalhes como as transformações são feitas. O foco é o drama e o resultado final. Mas até que enquanto o orçamento para a reforma escoa problemas abaixo, é interessante ver a Jillian contornar a falta de verba restaurando armários e tapeando os ambientes apenas com pintura. Inspirador para nós fazermos em casa, reles espectadores.

 

Reforma em Família com Karen e Mina | Mãe e filha compram casas pequenas e caindo aos pedaços, às vezes por 5 mil dólares, em Indianápolis, e fazem a demolição e a renovação com as próprias mãos. Depois, procuram compradores. 

Também já me sinto praticamente da família. Este programa, sim, mostra todo o processo de transformação pelo qual a casa passa, e elas ainda criam vários objetos de decoração do zero, ou com reaproveitamento. O que não gosto é do estilo, com muitas peças coloridas e aleatórias. Parece que os elementos escolhidos não conversam. As cores das fachadas, muitas vezes, não me agradam. E geralmente a demolição é total, aproveitando muito pouco das características das casas, o que me dá uma dor no coração. Porém, já me surpreenderam em alguns episódios-exceção, como quando um morador as contratou para reformarem a casa em que ele já morava. Ficou fantástica, sóbria e tudo conversava. Ali elas mostraram a que vieram, pensei.

 

Irmãos à Obra | Os gêmeos Drew e Jonathan, empreiteiro e corretor, reformam casas tanto para serem vendidas quanto para a família que vai chegar e morar – são dois programas diferentes.

Eles são uma simpatia. Com certeza assisto por causa deles. Porque o resultado final, embora muito incrível na transformação, muito apelativo visualmente, acaba sendo previsível. Sei exatamente como as casas ficarão ao final da reforma: cozinha com geladeira de porta dupla, ilha gigantesca, conceito aberto e todas as estampas e objetos da moda. Isso é interessante de se pensar, porque o programa dos irmãos Ford, um dos meus preferidos, usa praticamente sempre a mesma paleta de cores e poucos objetos para preencher o espaço e, mesmo assim, as casas ficam todas diferentes umas das outras. Por quê? Porque eles preservam a originalidade da casa, respeitam as particularidades e o layout e pensam cada uma como única. Outro fator que não gosto no Irmãos à Obra, que quase me arranca lágrimas, é que no processo de demolição eles vão de marreta em cima de bancadas de pedra em ótimo estado e armários inteirinhos, que poderiam ser doados e fazer a alegria de outras pessoas. Isso quando não arrancam pisos de madeira espetaculares. Eu acho o fim. Nesse sentido, o programa de compra e venda deles acaba sendo mais interessante, pois os moradores têm um orçamento reduzido para reformar a casa, o que faz eles apenas pintarem os armários já existentes na cozinha, manterem o piso, entre outras ações possíveis nas nossas vidas de meros espectadores que somos. Já me apaixonei por algumas casas de metragem pequena, móveis enxutos, linhas retas e cores sóbrias que eles entregaram. Os gêmeos conseguem fazer renovações diferenciadas, às vezes. Mas eu até entendo esse apelo visual pela destruição de tudo e a entrega de algo totalmente novo e que está na moda: é o que a maioria da população quer ver e ter.

 

Reforma Personalizada com Jasmine Roth | Ela reforma casas de subúrbio, que se parecem com todas as outras do bairro, levando em conta a rotina da família, e entrega um espaço diferenciado.

Quando comecei a pensar em qual seria o problema deste programa, confesso que não encontrei de imediato. Acho que, na verdade, eu gosto muito do Reforma Personalizada. A Jasmine mostra o passo a passo da reforma, cria móveis e objetos e reaproveita alguns itens – teve uma porta de despensa, toda desgastada, instalada assim mesmo, em contraste com as paredes brancas e ficou lindo de morrer – a Jasmine me ganhou com essa porta. Mas tem alguma coisa no momento da entrega da casa que não me agrada. Acho que é o jardim em frente, cheio de coisas, de móveis para interagir e objetos coloridos. Adoro jardins estilo mata, com bastante verde e, tendo apenas um lugar para sentar. Deve ser a ansiedade do apresentador em mostrar serviço, e isso não acontece só no programa dela. Devem pensar: já que estamos entregando uma casa toda renovada, vamos colocar tudo que podemos neste espaço para os moradores pirarem. No interior da casa também, às vezes há muita coisa, uma TV que surge do piso, um forte para as crianças, uma escada que surge do teto, geladeira de cinco portas (vai que existe). Tudo para causar o choque da revelação e não ter chance dos moradores pensarem que ainda não está tão mudado.

 

Alison e Donovan: Reformando com Estilo | Eles compram, reformam e revendem grandes casas em Chicago, aplicando o que há de mais caro e sofisticado em acabamentos, pelo menos para a cozinha.

Adoro quando a Alison percorre Chicago atrás de peças antigas, que geralmente pertenceram a um bar estiloso, para usar no novo décor. Mas, no geral, o estilo dela é envolvido em muito gesso, laca e modismo (o glamuroso), e também não gosto dos padrões de estampa chevron, enjoo fácil. As mudanças são drásticas ao passo que me agrada um monte o perfume vintage das casas antigas.

Outros programas, como o Do Velho ao Novo, assisti a muito poucos episódios, mas já percebi que a casa fica quase que toda monocromática e parecendo uma loja. É o que a maioria quer ver e ter também, claro.

Apesar dos pesares, de alguma forma, é possível extrair boas ideias dos programas e que podemos aplicar nas renovações que fazemos em casa.

Fotos: Reprodução/Divulgação | Texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.

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