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Série documental sobre as fazendas históricas do Brasil

Há séculos, o Brasil se tornava a quinta economia do mundo graças à produção de café, um mercado sustentado pelo trabalho, sobretudo escravo, realizado nas grandes fazendas assentadas sobre Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Sesmarias, dotes de casamentos ou herança de trisavós, essas fazendas têm muito a nos contar sobre a história do Brasil.

E contaram para a série documental Fazendas Históricas, disponível na Amazon Prime, que visitou os conjuntos de casarões do final do século XVIII e início do XIX, contando a história da fase da Belle Époque em cada detalhe, da arquitetura aos costumes, das salas de tortura à decoração inspirada nos palacetes europeus.

Há propriedades que possuem conservados os espaços e os objetos usados para dominar os escravos, recebendo muitas universidades e escolas em passeios voltados ao ensino. Em uma delas, se não me engano na propriedade do primeiro episódio, há bonecos de cera iguais a pessoas, feitos por um artista plástico, representando os escravos. Parece real de tão perfeito. E é louvável que tenham feito questão de preservar esses aspectos de um fato da história, para que não seja esquecido e para que a própria história não seja apagada.

Alguns detalhes que os proprietários contam:

As palmeiras imperiais indicavam a presença da um nobre morador, uma vez que as mudas eram fornecidas pela corte.

Jarros grandes maravilhosos, de louça e de design incrível, ficavam logo após a porta de entrada para que as pessoas lavassem as mãos ao chegar. Vinham de muito longe, muitas vezes a cavalo, em estrada de chão batido. Lembrei que minha avó tem um jarro desses, que fica apoiado sobre uma grande tigela, formando um conjunto, onde se derramava a água.

Quadros com as pinturas dos retratos dos imperadores do Brasil eram mantidos nas paredes a fim de agradá-los, caso dessem o ar da graça pela propriedade para uma visita.

Um cômodo pequeno, sem janela e chaveado por fora mantinha preso o viajante desconhecido, geralmente um comerciante, que vinha de muito longe e precisava passar a noite. Só era “libertado” na manhã seguinte. Um escravo passava a noite ao lado da porta, vigiando.

Vira-mundo era apenas um dos instrumentos de tortura de escravos, que prendia tornozelos e pulsos no chão. A pessoa ficava com a cabeça para baixo o tempo todo.

• “Santa do pau oco” era uma santa esculpida em madeira, oca por dentro, onde escondiam riquezas para o contrabando.

• “Donzela” era uma cúpula de cristal torneada, colocada sobre as velas.

Namoradeira era um estreito sofá onde o jovem casal poderia namorar, desde que um adulto sentasse em frente para cuidá-los. Na medida em que escurecia, a pessoa acendia uma vela e a segurava para que os jovens continuassem o encontro. Daí a expressão “segurar vela”.

As paredes eram feitas com estuque, pau a pique, e muitas casas mantêm algumas áreas cobertas com vidro para essa estrutura ficar à mostra.

Uma infinidade de quartos mas nenhum banheiro. Usavam o penico mesmo. Tanto que uma das reformas feitas nesses casarões é a adaptação de algum espaço para incorporar um banheiro, já que muitos moram nesses casarões ou são dedicados a eventos.

As senzalas eram grandes e tinham apenas uma porta estreita para dificultar a fuga dos escravos.

Havia uma sala somente para fechar negócios comerciais, onde as mulheres jamais entravam, e outra para os saraus, onde elas tocavam piano ou violino.

Muitas casas possuíam duas cozinhas: a chamada “suja”, em uma peça separada da casa principal, onde os empregados preparavam os animais. E a chamada “cozinha limpa” fazia parte da casa e era onde cozinhavam os ingredientes.

O quarto mais próximo da porta de entrada da casa era o maior e o mais importante, portanto, onde o proprietário dormia.

Escravos fujões eram marcados a ferro e fogo com a letra F, e valiam menos no mercado.

Relógios eram caros e raros de se encontrar. Um sino era usado para comunicar a hora do almoço.

 

As fotos que mostro aqui no post são da Fazenda Vista Alegre, encontradas no site da propriedade.

 

A fazenda fica na cidade de Valença, no interior do Rio de Janeiro.

A série Fazendas Históricas é recente, de 2019, e foi uma das minhas descobertas nesse período de isolamento social. É tempo de buscarmos bons conteúdos para passarmos esse período, sobre assuntos que gostamos a fim de nos mantermos bem, na medida do possível. E como adoro história, decoração, arquitetura e antiguidades, esse documentário é um prato cheio.

Para visualizar os episódios, clique aqui.

Fotos: Reprodução/Fazenda Vista Alegre | Texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.

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