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Pela web #7: as locações do longa francês Os Incompreendidos

O filme de François Truffaut que abalou as estruturas do cinema abrindo as porteiras para a Nouvelle Vague completou 60 primaveras neste ano de 2019. Não era a minha intenção falar sobre ele. Porém, revi esses dias, o que despertou a curiosidade sobre alguns lugares que apareciam no longa. Como já contei, adoro bancar a detetive de locações de filmes e séries. Então, procurando sobre os locais de Os Incompreendidos, encontro o incrível The Cine-Tourist, que mapeou os lugares por onde os dois guris passaram. Inclusive, o site também oferece o serviço de indicação das cenas em que aparecem mapas.

Senti falta, apenas, da praia onde foi rodado o emocionante travelling da cena final. Pesquisando mais um bocado, descobri que ela fica em Villers-sur-Mer e que o obscuro e curvilíneo corredor de concreto, com suas escadarias, não existe mais – algo para conter os efeitos das ressacas do mar, talvez? Pelas imagens do Maps, hoje há uma espécie de calçadão retilíneo.

O que prova, definitivamente, que foi ali que o jovem Antoine Doinel correu em busca de alguma coisa acabando num mar sem saída, depois de correr por sua liberdade, são as construções acima das falésias. Duas propriedades privadas. Uma delas, inclusive, com uma inconfundível torre estilo castelinho.

 

O personagem desce a escadaria do grande muro de contenção à beira-mar. No alto da falésia, a casa e sua torre. À esquerda, outro casarão.

 

Hoje, calçadão. E as construções ainda lá no alto, o “castelinho” e o outro casarão à esquerda.

 

Tem até uma placa dizendo que é propriedade privada. Será que foi posta em função do filme? Será que cinéfilos tentaram entrar a todo custo?

 

Do alto, podemos ver ambas as construções: o “castelinho” e também a outra casa, à direita nesta imagem.

Os Incompreendidos foi o primeiro filme do diretor e defendeu um novo jeito de se fazer cinema (nouvelle vague), os chamados filmes de autor, em que a responsabilidade total era do diretor. Isso trouxe mais liberdade na hora de criar, produzir e rodar, o que consequentemente implicava em orçamentos modestos – afinal, ainda levaria um tempo até que alguém bancasse uma chuva se sapos em Magnólia. Alfred Hitchcock era um entusiasta dessa ideia de se ter total controle sobre a obra.

A história de Os Incompreendidos é bem simples: filhos que não recebem os devidos cuidados dos pais ficam à mercê da marginalidade. É um filme super delicado e emotivo que trata, também, de solidão. Eu diria até que muito atual. Ou melhor/pior, ainda atual. Foi indicado ao Oscar de melhor roteiro e ganhou melhor diretor em Cannes.

Quem ainda não assistiu, faça o favor.

Fotos: Reprodução | Texto: Juciéli Botton para a Casa Baunilha

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