À primeira vista, a Feira do Livro de Porto Alegre pode parecer um apelo para que não deixemos o livro morrer. Pois na sexagésima segunda edição da feira, eu me dei conta de que ela existe para que a gente mesmo não morra.
A Feira do Livro é um oásis na vida de um cidadão em uma cidade como Porto Alegre. É só acompanhar o noticiário e você vai entender que estamos aterrorizados quando temos de sair de casa e, de repente, em pleno Centro Histórico da cidade, um espaço de alívio, onde o convívio é possível. A cada esquina da feira, polícia. E todos se fazem presentes: artesãos e suas criações, artistas de rua, crianças, famílias, amigos, casais, meios de comunicação, ilustres.
Os celulares são deixados no bolso para que possamos perguntar sobre o livro que procuramos, observarmos as pessoas, como comentou uma vendedora, “se tu parar e prestar atenção, é cada tipo que passa por aqui!”, debatermos sobre autores, falarmos do calor e do vento e da chuva e do frio com desconhecidos. E a bem da verdade, é disso que eu gosto na feira, os desconhecidos. Prefiro ir sozinha e me obrigar a dialogar com pessoas que nunca vi, pela surpresa do que vem pela frente. Assisto ao máximo de oficinas e debates que consigo. Algumas nem tão proveitosas pra mim, outras que me deixam com vontade de pagar pelo que ouvi, de tão maravilhosas, uma vez que toda a programação é gratuita.
Tem programa até pra quem não quer interagir. Ficar sentado nos bancos da Praça da Alfândega e observar as pessoas. Isso faz a gente se sentir vivo. Ver que elas estão ali e são como nós, que buscam algo como a gente, têm anseios, pressa, são curiosas. Elas podem até postar em alguma rede social uma foto que é pura alegria, mas você está vendo que elas estão passando calor como você, que também pisaram no barro deixado pela chuva, horas atrás.
A Feira é vida. A Feira é viver.
Falando nisso, o único que não vai morrer nunca nessa história é o livro. Sabe por quê? Porque hoje as pessoas querem conteúdo on demand. Ou seja, entretenimento disponível quando e onde quiserem assistir. Então, minha gente, o livro é como o Netflix, ferramenta tão idolatrada nos dias de hoje. O livro tem o conteúdo que a gente escolher, na hora em que quisermos, sem intervalos comerciais e podendo parar e retomar de onde paramos quando bem entendermos.
Livro é o máximo. E eterno.
Agora deixo aqui alguns registros visuais que fiz desta verdadeira festa do livro, a maior a céu aberto da América Latina.
Pra fechar, Mário e Erico. Ou ainda, um diálogo de titãs.
Atualizando: Gente, esqueci de dizer que a Feira acontece até o dia 15 de novembro, e que no site dela vocês podem saber mais, incluindo a programação. Tá bom? Então tá bom.
Fotos e texto: Juciéli Botton para Casa Baunilha
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