Curitiba,  Paraná,  Por aí

Roteiro de 4 dias em Curitiba | Dia 1

Imagina a cena, eu debruçada sobre papeis e mais papeis, com anotações e listas, 23 abas abertas no computador, um pouco escabelada, tentando montar um roteiro para “conhecer” Curitiba em apenas 4 dias. Daí dou play no vídeo de um canal sobre viagens no Youtube, com milhares de seguidores, e a pessoa solta um “Curitiba dá pra ver em 1 dia”. Fiquei tão chateada que deixei de seguir o canal no Instagram. Sem contar que a pessoa achou que a estufa do Jardim Botânico era a Ópera de Arame.

Eu estava com dificuldade de encaixar, no meu roteiro, os lugares históricos com as ruas icônicas, com os parques, com os pontos turísticos, com o Mercado Municipal, com os museus, com a gastronomia, com as feiras. Inconcebível conhecer Curitiba em 1 dia.

É óbvio que isso é relativo e vai muito do gosto pessoal. Eu, por exemplo, gosto de saber sobre a história da cidade e de conhecer construções históricas, observar a arquitetura e a decoração. Por isso incluo no meu roteiro lugares que tenham isso. Mas, definitivamente, Curitiba tem muito a oferecer. Nesta série de 4 posts vou compartilhar algumas das atividades que fiz na capital do Paraná em outubro deste ano, em ordem cronológica, um dia por post. Depois, em outras postagens, trarei alguns lugares com um olhar mais aprofundado. Quero mostrar quanta coisa legal tem pra gente vivenciar e que, ainda assim, faltou dia pra eu ver tudo que queria. Mas melhor assim. Quero voltar em breve e então terei muita coisa ainda pra curtir.

 

D I A  1  |  Q U I N T A – F E I R A

Dia de Mercado Municipal e de fugir da chuva torrencial se deslocando a pé debaixo das marquises, entre lugares próximos.

 

1. Almoço com pinhão no Mercado Municipal

Cheguei em Curitiba já na hora do almoço e eu sempre gosto de começar a conhecer uma cidade pelo Mercado Público/Municipal. Muito se descobre sobre a cidade entre as paredes, os cheiros, os ruídos, a culinária e as pessoas do seu mercadão. Curitiba, na língua indígena, significa araucária, a árvore do pinhão. Ou seja, tem muita araucária e muito pinhão por lá. E prato com pinhão é o que não falta. Então, não poderia ser diferente, provei o pastel de pinhão com carne seca da Pastelaria Curitiba, cuja fama se dá pela quantidade generosa de recheio. Delicioso. O suco de laranja é fresco mesmo e não vem adoçado, o que eu adoro. A Pastelaria Curitiba abre, inclusive, aos domingos.

 

2. Conhecer o Mercado e fazer compras

A chuvarada que caía me deixou bem tranquila para gastar o tempo que fosse entre as bancas do Mercado. Eu também queria muito conhecer a ala dedicada aos produtos orgânicos, a primeira do Brasil. E por ala entenda não somente banquinhas de vendas, mas também lojas, restaurantes e lanchonetes especializados na área. Aproveitei e comprei frutas para deixar no apartamento em que fiquei hospedada. Eu já consumo muita fruta no meu dia a dia e, como nas férias a alimentação fica trash, eu sinto ainda mais falta das frutas para equilibrar. Então o Mercado forneceu tudo que eu precisava para ficar bem em Curitiba.

 

3. Fugindo da chuva no Museu Ferroviário

Do Mercado nos deslocamos a pé até o Museu Ferroviário. Era uma atração que tinha por perto e que é consideravelmente significativa numa cidade que ainda possui trem, e que tem sua história intimamente ligada a ele. Sabe aquele museu pequeno, em que os objetos já não estão lá essas coisas, que quase não possui placas de identificação e, as poucas que tem estão com as letras borradas ou o papel manchado, e o espaço exala um leve cheiro de mofo? Então, o Museu Ferroviário está longe disso. Ele é muito bem produzido, estruturado e conservado. Tudo está identificado e as plaquinhas são de metal com o texto gravado. A entrada é a própria bilheteria, com mobiliário original e muito bem conservado. O apito do trem prestes a partir pode ser ouvido durante todo o percurso no museu. O que eu mais gostei foi a biblioteca de tipos de madeiras do Brasil. Pirei. Tinha todas as madeiras imagináveis e inimagináveis.

Só nesta foto, apenas tipos de Canella, assim mesmo, escrito com dois eles.

Momento conveniência: o museu fica na antiga estação ferroviária, mas num espaço pequeno dela. O restante da construção histórica é, na verdade, um shopping. O Shopping Estação ainda preserva alguns elementos de época, como as colunas em ferro, cheias de adornos. Eu não fico em shoppings quando tenho um roteiro muito mais interessante a cumprir, mas a quem interessar possa…

 

4. Passando pela Rua 24 Horas

Do Museu Ferroviário fomos caminhando até a Rua 24 Horas. Dentro da construção diferente, com teto transparente, a luz se altera conforme o que acontece lá fora. No pôr do sol, por exemplo, deve ficar lindo com a luz dourada do fim de tarde. Há muitas lanchonetes, lojas e uma área com mesas e cadeiras no centro do corredor.

O relógio que fica nas extremidades da Rua mostra as vinte e quatro horas, e não apenas as usuais doze horas. A Rua foi construída em 1991 e seu comércio teve funcionamento 24 horas apenas por um tempo.

 

5. Café da tarde no Caffè Per Tutti

Não comi nada na Rua 24 Horas porque queria experimentar o brownie de um café que tinha ali por perto. Também nos deslocamos a pé até o Caffè Per Tutti . O brownie era muito bom, do jeito que um brownie tem de ser, com gosto de chocolate e não de gordura, e com aquela leve crocância da massa que assou na medida. O que eu comi era de Nutella com Leite Ninho, sendo que os sabores variam conforme a disponibilidade. Mas notei que veio bem menos Nutella do que eu vi no Instagram. Mas estava muito bom. Eu não gosto de café preto mas meu marido, que adora, disse que era um dos melhores que ele já tomou. Tanto que ele quis voltar num outro dia só para repetir o café.

Adorei as almofadas tricolores. Adoro triângulos e a paleta de cor deu muito certo.

 

6. Hamburger e chopp curitibano para o jantar

Na minha pesquisa, o que me chamou atenção na Fábrica Gourmet Hamburgueria é que eles não congelam o hamburger e a carne leva apenas vazio na composição. O ambiente é muito legal, com iluminação bem agradável. Isso conta muito pra mim. Não tem experiência mais frustrante do que sair pra jantar, seja lá que comida for, e a luz do ambiente ser hospitalar, tudo muito claro. Confesso que foi difícil escolher um sabor do cardápio. Não por querer muitos mas, justamente pelo contrário. Eu não gosto de cheddar e nem de catupiry, então eu eliminava muitos sabores por conta disso. Cheddar, pra mim, deixa qualquer prato com gosto de comida infantil. Para o meu paladar, ele não tem gosto de queijo mas de algo feito em laboratório. Da mesma forma o catupiry. Eu muito comi catupiry na minha vida até descobrir que era ele que me deixava deprimida, hahaha, eu queria sentir gosto de queijo de verdade e quando via estava mastigando um troço que parece mistura de Maizena com água. Bom, eu escolhi um sabor que vinha com uma crosta de pimenta, com 220g de carne e fritas. Mas a picância era leve, altamente suportável. Adorei. Era um misto de sabores bem diferentes, que é o que busco quando saio para comer num lugar diferente, quero novas experiências. O outro sabor que escolhemos era o Melted Blue, com gorgonzola derretido e molho blue cheese, mas o garçom nos convenceu a provar o carro-chefe e vencedor do Veja 2018, o Bacon Lovers, que levava cheddar. E não tem jeito, por mais que o hamburger fosse bom, o cheddar cobre tudo com o seu sabor e só me vem a lembrança de quando eu tinha sete anos e comia no McDonald’s. Mas recomendo o sabor que eu escolhi. Muito bom. Me decepcionei com a batata. O garçom disse que era rústica e, como podem ver na foto, ela era uma batata-frita comum. A rústica vem em fatias grossas e no comprimento da batata, com a casca, cozidas por dentro e crocantes por fora, geralmente acompanhadas de um molho especial da casa.

A grande alegria da noite foi o chopp da casa. Sensacional. Não é amargo, não pega na garganta, saborosíssimo! Produzido em Curitiba mesmo. Aliás, a capital tem uma cena cervejeira borbulhante. Se você curte, pesquise por tours cervejeiros, feiras e eventos relacionados quando você estiver em Curitiba.

 

7. Tomar chimarrão e admirar a cidade à noite

A janela do apartamento em que fiquei hospedada tinha vista para o Largo da Ordem e mais um bocado da cidade. Era lindo ao amanhecer, à tarde e, sobretudo, à noite. Um espaço histórico da cidade, dado a devida importância com uma boa iluminação. Cenário perfeito para olhar tomando um chimarrão enquanto descansava da viagem. Você também costuma olhar pela janela a cidade que está visitando? Nunca vou esquecer quando fui para o Rio pela primeira vez. A primeira coisa que fiz ao entrar no apê foi correr para a janela e descobrir o que eu conseguia ver. E lá estava ele, o Cristo Redentor. Quando fui embora, ao me despedir da anfitriã contei que eu dizia bom dia e boa noite para o Cristo todos os dias. Então ela contou de um hóspede que, indo embora depois de sete dias, entrega as chaves a ela, que pergunta: gostou da vista? E ele: que vista? Ele não tinha olhado pela janela um dia sequer. Então, deixo aqui esta dica: a vista está inclusa. Aproveite.

 

Curitiba te oferece todas as temperaturas e estações do ano em um único dia. E este foi o jeito que encontrei de conciliar pontos de interesse próximos que pudessem ser riscados da minha lista facilmente num dia chuvoso e cinza como foi o meu primeiro dia em Curitiba. No próximo post, os programas do segundo dia.

 

Fotos e texto: Juciéli Botton para Casa Baunilha

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