Por aí,  Porto Alegre,  Rio Grande do Sul

Revitalização da Orla do Guaíba | Usina do Gasômetro

 

A passos envelhecedores, sem nenhuma pressa, vemos alguns melhoramentos sendo feitos na capital do Rio Grande do Sul. A obra de revitalização da Orla do Guaíba ainda não foi concluída, está mega atrasada, mas parte da área do Centro Cultural Usina do Gasômetro foi entregue à população.

O pôr do sol no Rio Guaíba é patrimônio daqui. É motivo de orgulho para nós termos um dos pores de sol mais lindos e, não poderia ser diferente, é uma das atrações turísticas da capital. Portanto, ter um lugar para usufruir desse espetáculo com segurança e conforto é claro que é tudo de bom. Isso significa, também, usufruir do fato da cidade ser costeada por um rio – quem acompanha o blog já notou que eu me irrito em ver Porto Alegre não aproveitar esse recurso. Em todas as cidades deste mundo que ficam à beira de rios, baías e praias, a área mais valorizada é a região da orla. Menos em Porto Alegre. E esse não é um problema que envolve somente questões políticas. O porto-alegrense em geral não gosta de mudanças. Para conseguirmos aprovar melhorias nos espaços é um deus nos acuda.

Mas um fato que nós não podemos negar é: gente atrai gente. Se ao menos os próprios moradores da região da orla frequentassem a área, isso atrairia mais gente. Só que a orla de Porto Alegre é assim, digamos… uma terra sem lei. Abandonada, sem estrutura nem segurança, não há movimento e, então, como os moradores fariam suas atividades por ali? Atraindo espaços de lazer, comércio e até mais empreendimentos imobiliários, tornaríamos a área mais habitável e, portanto, mais usável, durante todos os dias da semana e, inclusive, nos horários noturnos. Teríamos mais pessoas trabalhando – olha a geração de emprego aí, gente. E outras tantas morando na região que, ao retornarem para casa após o trabalho, ainda teriam segurança para realizar suas atividades na rua, seja uma caminhada ou ir ao supermercado. Faríamos circular vida pela área atraindo até pessoas de outros bairros. Isso nos tornaria mais interessantes inclusive para o turismo, outro ponto no qual o porto-alegrense não está muito interessado.

Não estou falando de um trecho específico. Estou falando de mais de setenta quilômetros de orla, gente.

Pois bem. Dito isso – pois Porto Alegre precisa desse debate e também de um resgate, urgente – eu compartilho aqui meus registros das novas instalações, que fiz quando estive por lá há algumas semanas, pouco depois da entrega. Uma tarde daquelas, com um céu daqueles, com o pôr do sol sensacional de sempre.

 

 

A área que avança sobre o rio foi ampliada e do novo deck partem barcos para passeios pelo Rio Guaíba. Os ingressos podem ser adquiridos ali mesmo, no deck.

 

Adoro fotografar na luz do pôr do sol. Ela bronzeia tudo, olha só.

 

Um dos barcos voltava do passeio.

 

 

Este é o espaço criado para receber um bar/restaurante, com teto e piso de vidro e uma visão panorâmica. Reparem nas chaminés do parque industrial de Guaíba ao fundo.

 

A antiga Usina segue fechada. Mais uma preocupação acompanhada de uma longa espera para vermos o que será feito com um dos ícones de Porto Alegre.

 

Aos domingos, a Avenida Presidente João Goulart é fechada e ganhamos espaço para praticar esportes – ou para lagartear ao sol tomando chimarrão, o que também mantém a saúde em dia. Dá pra ver, à esquerda, a tela que isola a área da obra ainda presente e, ao fundo, o prédio cor salmão da Usina e sua chaminé emergindo sobre as árvores.

 

A Praça Júlio Mesquita, do outro lado da rua da Usina, também fez parte da revitalização, com lotação máxima nos finais de semana e oferecendo de tudo: pracinha, quadra de esportes, gramado e bancos sobre decks pra nossa boa e velha roda de chimarrão, além de várias performances artísticas como o teatro de rua.

 

Aproveitar este espetáculo natural com tranquilidade é um direito fundamental de todos nós.

 

Depois de anos e anos de desvalorização da atividade turística, de vermos nossa cidade ser sucateada, de passarmos por períodos de absoluta ausência de corte e poda das áreas verdes da cidade, de testemunharmos matos atingindo alturas a ponto de esconder uma pessoa em pleno asfalto, ver um pedacinho da capital revitalizado já nos oferece um respiro.

Continuamos no aguardo do término da obra completa e no aguardo também da manutenção e preservação do que já foi entregue, sobretudo por nós, a população. Vamos cuidar, gente.

 

Fotos e texto: Juciéli Botton para Casa Baunilha

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