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Longe do home office

Se antes a minha casa era o paraíso para onde eu ia depois de horas entocada no ambiente de trabalho, agora o meio do mato se tornou o meu refúgio depois de dias em frente ao computador de casa.

Os sentimentos estão confusos em relação ao meu canto. Hoje a sensação é de que a minha casa representa o meu trabalho. Parece que enquanto eu estiver ali dentro, estou sempre a postos. Parece não haver um descolamento do espaço-tempo do trabalho do lazer e descanso.

Não estou reclamando, não, viu. Apenas constatando. Não tenho saudades de sair à noite do trabalho, cansada, ir até a parada de ônibus e esperar 45 minutos por ele para, então, retornar para casa. Hoje aperto um botão, desligo meu computador e já estou com o pé na sala, na cozinha, no banho.

Almoçar em casa, a comida que faço com todo o cuidado e do meu jeito, não tem preço. Longe de mim reclamar de alguma coisa. Não são todas as pessoas que conseguem trabalhar de casa e agradeço todos os dias por poder realizar as minhas atividades no home office.

Mas melhor que acordar cinco minutos antes do horário de trabalho é imergir no meio do mato e aproveitar o silenciamento da cidade e das pessoas e deixar a natureza dar seus berros.

Aranha sobre sempre-viva. Foi observando essa flor no campo que pude perceber a razão mais profunda do nome. Não é somente porque ela é popularmente colocada em vasos em casa, sem a necessidade de água, durando por anos. Ela é sempre-viva sobretudo porque se ela não for cortada – e usada para ornamentação em casa – ela não somente fica feia como toda a planta, os galhos, as folhas, tudo, morre. Não é como a roseira, por exemplo, cujas flores murcham e uma nova leva delas floresce.

 

Muita macela por todo canto. Inclusive, um grande arbusto dela cresceu junto a uma bananeira. Ou o contrário?

 

Sou o terror dos cactos. Na verdade, eles têm uma relação de amor e ódio comigo. Eu babo o ovo deles, acho o máximo. Mas quando apaixono, tiro do lugarzinho onde se criaram e levo para perto de mim. Eles até que se adaptam. Eles também não podem reclamar.

 

Eu só penso em praticidade quando estou longe de casa. Salchipão é o que há de mais moderno nesse sentido. Ou melhor, é o churrasco do homem moderno.

 

Temos que cuidar ao caminhar para não pisar neles – não somente para não machucá-los mas, também, porque alguns espinhos atravessam a bota de borracha.

 

Crescem sobre as pedras.

 

Mais deles pelo caminho.

Uma última curiosidade: para os americanos (já que essas expressões vêm da terra deles), home office não é o modo de trabalho mas, sim, o espaço em casa onde se trabalha. Para dizer que estão trabalhando em casa eles costumam falar working from home. É o que explica a Ask Jackie. Sempre acompanhei o canal dela e durante o isolamento social da pandemia consegui me dedicar mais aos estudos da língua, que há tempos tinha deixado um pouco de lado. Fica a sugestão aqui.

Você também tem fugido de casa? Digo, do home office? Conta aí nos comentários ; )

Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.

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