Meu fascínio por pedras é do nível de recolher as que encontro no sítio para usar em projetos que ainda vão levar um tempo para se concretizar. Enquanto isso, registro as referências que encontro durante as minhas andanças por aí.
Sempre observei as casas dos outros e e agora parece que o olhar para os detalhes fica cada vez mais afiado, pois tenho a necessidade de ampliar o repertório de possibilidades, seja para reformar uma casa que podemos comprar, seja para construir.
Meu Pinterest está recheado de referências de casas de outros países. É tudo lindo e muita coisa é útil, mesmo. Mas não se compara a observar as moradas que temos na nossa região, de onde vamos conseguir os materiais e, ao mesmo tempo, manter a estética com a qual a gente foi criado e está acostumado, mesmo que ela venha de modelos de outras culturas. Levo isso muito em consideração quando penso na minha casa do futuro: uma mistura da casa da minha avó com outras casas que frequentei e que abraçam as minhas memórias.
Muro baixo se tornou uma lenda urbana, e apenas em lugares específicos topamos com ele. Nunca teria pensado em assentar a pedra da calçada junto à do muro e ficou ótimo, mesmo com a diferença de cores. Gosto desse padrão que reúne pedras de tamanhos diferentes e de formatos variados, como quadradas e retangulares.
O acabamento sobre o muro se torna um convite para as pessoas que estão de passagem, no centro da cidade, se sentem por um tempo. Já não funcionaria para mim, que quero sossego, sobretudo à noite.
Gosto do terreno mais elevado e desses “morrinhos” que ficam na entrada, onde podemos brincar com as diferentes alturas das plantas. E falando nelas, também reparei nos arbustos, que parecem pertencer ao grupo das campestres. Estou de olho nesse tipo de vegetação, rústica, que tolera o sol a pino, bem como as geadas. A Três Maria, com as flores, foi podada para ficar no mesmo nível dos demais arbustos, achei interessante. Sempre penso nela para criar parreiras e coberturas em áreas e janelas, ajudando a sombrear e a diminuir a temperatura, nunca como arbusto baixo.
Essa espécie de bambu fechou o espaço como uma boa cerca verde, próximo ao Lago Negro. Além disso, tem uma altura excelente para bloquear a visão dos vizinhos e proporcionar privacidade, para ambos os lados. Pois não é só quem planta que usufrui dos benefícios do muro verde. Quem está do outro lado da cerca também fica protegido e, em vez de visualizar um paredão de concreto ou uma janela indiscreta, ganha uma vista verde.
Há muitas espécies de bambu, incluindo as taquaras. Antes de plantar temos que verificar a que altura elas podem chegar, de acordo com a necessidade. Sei que é preciso fazer uma manutenção constante, podando embaixo para não atrair animais. A não ser que o objetivo seja fazer uma cerca viva instransponível, tanto por animais quanto por pessoas, o que acontece muito em áreas rurais, sítios, onde as plantas podem ajudar na segurança. E o bambu ainda produz muita matéria orgânica para decomposição e cobertura de solo.
Próximo aos bambus, do outro lado da rua, havia este portão com os pilares laterais feitos em pedra, que variava em tamanho, formato e cores. Adorei as nuances avermelhadas, verdes, cinzas. No solo, muito interessante a planta que parece pertencer à família dos pinheiros, utilizada como forração.
Falando em forração, neste espaço o peixinho é usado como planta ornamental. As folhas parecem uma pele de coelho na textura e as pessoas gostam de empanar e fritar. O calçamento é outro item ao qual tenho prestado atenção nos últimos tempos. Este usa blocos concretados onde as partículas maiores ficam em evidência e criam um padrão interessante. Cada degrau expõe duas alturas do bloco. A escada leva ao carrossel do hotel Casa da Montanha.
Por último, este muro de pedra que funciona tanto como muro de arrimo quanto estético, na fachada, que dá para a calçada. Mais uma vez, a variedade de formatos, tamanhos e cores deixa tudo mais interessante. Lembrando que as intempéries também pintam esse quadro, o que faz o charme da coisa.
Estes registros foram feitos em janeiro deste ano, durante uma viajem a Gramado, na serra do Rio Grande do Sul.
Até o próximo Viaje e contrua ; )
Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.