Há muitas casas em Porto Belo com ares antigos e detalhes que infelizmente não encontramos mais nas residências de hoje. Esta casa me chamou atenção por não parecer uma casa brasileira. Vínhamos pela rua com a intenção de chegarmos à praia e, de repente, me deparo com ela e fico de queixo caído. Parecia que eu tinha atravessado um portal para outro país. O vermelho puxado para o antigo bordô em contraste com o também bom e velho creme, somados às formas retas, colunas e pinheiros frontais me desembarcaram em uma região de neve. O céu nublado caiu como uma luva, completando a cena.
Adoro pedras. Tenho mil projetos na cabeça com pedras. De vez em quando separo algumas no sítio, encho um carrinho-de-mão com elas e acumulo em um canto, na esperança de finalmente executar e finalizar as minhas ideias. No caso desta casa, elas combinaram tanto com o restante das cores, porque nas próprias pedras há tons quentes, terrosos e os cremes também. A forma como as pedras “dobram” a quina de 90 graus da parede em destaque parece tão suave.
Pedras na base da casa é o que há e já tinha até incluído isso na lista de itens para a minha casa, caso eu construa.
Uma Três Marias se encarrega de oferecer sombra na fachada, criando uma parreira para que possam ficar embaixo e aproveitar a vista. Ela também está na minha lista de plantas para sombreamento, embora tenha lido que as raízes crescem na ordem de dezenas de metros, podendo comprometer estruturas. O que é estranho porque de tudo que já observei, é a mais usada na criação de parreiras.
Muro também feito em pedra, com cerca em madeira, acompanhando as aberturas da casa.
Adorei a cerca em madeira com as marcas do tempo, das intempéries. Aquele ar campestre garantido – e resistente à maresia.
Neste detalhe podemos ver os líquens nas cercas, outro charme do qual a natureza se encarrega.
Foi uma bela surpresa encontrar essa casa. Com certeza, uma inspiração para os projetos das nossas moradas.
Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.