Eu tenho um público diferenciado e exigente, que requer muito estudo para agradar: a fauna do sítio. Se tem algo que mora nas minhas preocupações e faz eu estudar sobre plantio e vida no campo cada vez mais é essa gente selvagem.
É sabido que todos os animais têm a sua importância no ecossistema. Desde o mais recolhido e misterioso até a vaca no pasto. Desde a ave que você nem percebe que está te fitando do céu até a microvida do solo. A Primavesi, maior autoridade em solo vivo, dizia que a microvida do solo são os verdadeiros animais de estimação, os pets pelos quais teríamos que ter a maior estima, pois fornecem os alimentos perfeitos que nos trazem saúde.
Quanto a esse público, estou tranquila. Temos estudo e planejamento em andamento para o manejo dessa população.
Minha preocupação é com os animais maiores e de vida noturna que dependem da floresta e dos bosques para o desenrolar de suas vidas. Dentre as minhas estratégias para o sítio está o reflorestamento, a recuperação da mata nativa e não há nada mais lisonjeiro do que o aval dos animais.
A adrenalina corre nas veias a cada vez que instalo a câmera. Há quem ate uma corda no pé e pule de uma ponte para sentir que está vivo. Experimente manejar um espaço no campo, não faltará emoções, adrenalina e sensação de estar vivo.
Ver a presença dos animais selvagens na área por meio dos registros faz de mim um ser humano feliz. Significa que estamos no caminho correto e que só tende a melhorar, porque ainda nem começamos a colocar o plano de reflorestamento em prática.
É que tivemos a presença de maquinário na região retirando eucaliptos e pinheiros. Quando essa atividade se intensifica, ficamos um tempo sem ver lagartos, quatis, lebres e tantos outros. Fico angustiada. Depois de um tempo, aos poucos a natureza conduz os animais aos espaços novamente. E eu volto a sorrir.
Antes de compartilhar os registros quero situar vocês, leitores, que ainda não conhecem o blog. Vivo no Rio Grande do Sul e, portanto, estamos registrando animais que povoam o bioma pampa em território gaúcho. Os registros foram feitos nesta última semana de outubro. Quem tiver experiência e souber de quais bichos se tratam, pode escrever nos comentários. Será muito apreciado, não somente por mim mas, também, por todas as pessoas que se interessam pelo tema.
Acima, como foto de capa, temos o Jacu, bastante presente na região e que adora visitar as hortas. Registrado às 6h50.
O registro acima foi feito à 1h23. Arrisco dizer que se trata do Graxaim-do-campo.
Aqui parece a mesma espécie, Graxaim-do-campo, só que uma fêmea barrigudinha, também registrada à 1h mas do dia seguinte.
Abaixo, mais uma imagem dela com seu buchinho, que faz uma dança de um lado para o outro conforme ela se movimenta. Será que a minha leitura está correta?
O rabo tem a ponta mais escura e parece que nas patas o pelo também é mais escurecido que o restante do corpo.
Aqui, um animal de pelo escuro, o ponto luminoso é o olho e o rabinho estilo espanador lembra o de um gambá. Quem entende do assunto pode perceber que meu repertório para animais selvagens é limitado, beirando os desenhos animados da Disney. Ainda vou escrever sobre o meu choque quando descobri que o pato tem o bico parecido com o da galinha, nada a ver com o do Pato Donald. Quem se parece com o Pato Donald é o marreco.
No detalhe acima, o rabinho dele no canto inferior esquerdo enquanto saía de quadro. Os animais são mais rápidos que a câmera. Registro feito às 4h20. Chovia fino e ventava horrores.
Aqui, um cachorro. Talvez perambulando sem endereço fixo. Ou acompanhado de seu dono, o que nos deixa intrigados. O interessante é que ele tem uma rotina de passar por ali pelas manhãs, retornando após 40 minutos.
Depois desses belos registros, uma vaca curiosa foi cheirar a câmera e, como é um animal leve e sutil nos movimentos, virou a máquina para o mato e dali para frente registramos apenas galhos e milhares de folhas balançando com o vento.
Mal posso esperar para instalar novamente o equipamento, agora em outro ponto. É uma das incontáveis atividades empolgantes com que nos envolvemos enquanto cuidadores do espaço.
Conta aqui nos comentários se você se interessa pelo assunto e se também registra a fauna sem que ela saiba ; )
Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.