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7 características incríveis dos cães que podem nos inspirar para uma vida plena

Quem se dá ao luxo de conviver e observar os cães tem a oportunidade de reaprender com eles alguns aspectos da vida, uma vez que nos desconectamos da nossa raiz natural há muito tempo. O ser humano deixou de lado muitas habilidades associadas a sua natureza, como as percepções. Não conseguimos fazer a leitura correta do entorno e do que acontece conosco.

Destaquei 7 características dos cães que, além de incríveis – as quais não me canso de observar e admirar – nos fazerem refletir sobre a vida e encará-la de uma maneira diferente.

Regulam a temperatura

Os cães buscam estar confortáveis o tempo todo – ao contrário da gente, que se acostuma com o que é ruim. Muito desse bem-estar vem do conforto térmico. Ora estão na sombra, ora sob o Sol. Essa troca de ambientes acontece em um piscar de olhos. Eles migram de um lugar para outro rapidamente. Podem passar a impressão de estar em dúvida sobre qual o melhor lugar para ficar, mas na verdade estão ou tentando perder calor ou se aquecer. A temperatura é muito importante e determinante para qualquer ser vivo. O aumento dela nas águas oceânicas acaba com os corais. Se 1 grau faz diferença para a água ferver, faz também para o gelo derreter. Aprendi da pior forma que não devia trabalhar no sítio com roupas de material sintético pois cozinhava dentro delas e durava apenas 10 minutos por lá. Quem começa a perceber isso e procura fazer pequenas modificações na rotina para ter mais conforto, nota uma grande diferença no bem-estar e na forma como encara as tarefas – e a vida de uma maneira geral.

Levam tudo a sério

Os cães não fazem nada de brincadeira. Não contam piadas sem-graça (nem com graça), não são sarcásticos nem irônicos. São grandes observadores e, para eles, tudo é levado a sério. Todas as situações que são apresentadas a eles têm importância e tiram lições de absolutamente todas elas. Incentivamos que pulem na gente quando chegamos em casa, que “façam festa”, como dizem. E queremos que fiquem imóveis quando a vovó vem visitar, pois podem derrubá-la. Os cães têm palavra. Se antes foi combinado que teria festa em chegadas, eles não vão te decepcionar. Os cães não sabem a diferença de uma brincadeira e de um momento sério. Hoje nós perdemos muitas oportunidades de aprender. As situações são levadas ou para o lado da piada, do meme, ou do “mimimi”. Além do fato de estar cada vez mais difícil encontrar um ser humano de palavra. E as pessoas estão em colapso porque não levam a própria vida a sério. E o fato dos cães levarem a vida deles a sério nos traz à terceira característica.

São fieis ao que são

Os cães se comportam sempre da mesma maneira. Cada um possui uma personalidade e hábitos próprios, mas dentro dessa combinação de particularidades, cada um agirá sempre do mesmo jeitinho, até o fim de suas vidas – a não ser que surja a necessidade de mudar algum aspecto do comportamento. Os cães vivem com base em padrões. Estabelecem um padrão e o seguem até o fim dos tempos. Por isso, nunca seremos surpreendidos com decepções, imprevistos, corrupções e traições. Sabemos o que esperar deles. Já do ser humano, podemos esperar qualquer coisa, até mesmo nada. Somos capazes de deixar os modismos sufocarem nosso jeito próprio de ser. Mas veja bem, isso nada tem a ver com não evoluir, não progredir, tem a ver com integridade. Pois até os cães se desenvolvem, para melhor, assimilando as novidades e aprendendo ao longo da vida.

Sabem quando estão doentes e o que fazer

Nós também tínhamos a sensibilidade de perceber quando estamos doentes e a habilidade de resolver por nós mesmos, mas fomos perdendo essa capacidade na medida em que nos descolamos do mundo natural. Os cães sabem quando estão doentes e o que fazer para recuperarem a saúde. Há dias em que não querem comer, ou seja, sabem quando o jejum é necessário. Comem mato e reconhecem qual podem comer, seja para provocar vômito, seja para melhorar o trânsito intestinal com a ingestão de fibras. Preferem tomar a água do lago do sítio do que a da torneira porque a do lago oferece nutrientes e a da torneira possui resíduos de maquiagem, de 25 tipos de agrotóxico, de anabolizantes, entre outras substâncias. Os cães também sabem que precisam tomar Sol. Os meus adoram ficar dentro de casa, debaixo da minha mesa de trabalho, mas todos os dias tiram um tempinho para se aterrar na grama e tomar Sol. Eles também se alongam o tempo inteiro. Nós não sabemos o que precisamos fazer para ter saúde e, como se não bastasse, quando obtemos a resposta, decidimos ignorar.

Nos aproximam da finitude

Se a nossa vida é curta, imagina a do cão. Cuidar de um cachorro também significa se preparar para, um dia, não tê-lo mais por perto. Conviver com animais de uma maneira geral nos faz pensar em questões profundas da humanidade. É a oportunidade de trabalhar a nossa sensibilidade, compaixão e empatia, e de pensar a respeito da finitude. Hoje vivemos uma vida que foi desenhada para banalizarmos o nosso tempo de vida e vivermos como se nunca fosse ter um fim.

Não transformam em problema o que não controlam

Os cães praticam aquele conselho que diz que não podemos transformar em problema o que não conseguimos controlar. Meu cão vem com aquela cara de pobre coitado pedindo para subir no sofá. Dou o comando para ir para a caminha e ele simplesmente dá as costas e sai em direção à cama, mexe nos paninhos para ajeitar o ninho, gira algumas vezes e deita. E ali dorme um sono profundo. Não sai chutando as coisas pelo caminho, resmungando que me odeia, com um olhar atravessado. Nem requenta o fato mais tarde. Pelo contrário, quando recebe o não, trata de viver a vida como se nunca tivesse acontecido. Ele busca ficar bem seja qual for a situação. E quando chamá-lo para subir no sofá, virá contente, sem rancor.

Vivem o dia como se fosse o único

Os cães vivem um entusiasmo com relação à vida invejável. Eles passam um dia inteiro grudados na sua cola, de repente você se ausenta por apenas trinta segundos para pegar a encomenda que chegou no portão, e quando volta eles pulam, gritam e expressam uma alegria como se você tivesse passado oito anos longe. É como se estivessem o tempo inteiro retomando a alegria de viver, renovando o compromisso com o fato de estarem vivos. Os cães vivem o agora de forma  presente e independentemente da situação, dão o seu melhor. Que a gente nunca perca o entusiasmo pela vida, nem deixe de aproveitar os momentos incríveis que passam diante dos nossos olhos e que não apreciamos por estarmos distraídos.

O Rogerinho adora um paninho, enquanto a Serena, calorenta, gosta de encostar a barriguinha no chão frio para perder calor. Ela olha fixamente a porta para cuidar nossos passos, enquanto ele cuida o movimento de outros cães na rua. Cada um com seus interesses, porém, sempre agindo da mesma forma. Um padrão que se repete.

Depois de fazermos toda a mudança, voltamos à casa alugada uma última vez para conferir se estava tudo certo antes de entregar a casa. Levamos os cães e a Serena se posicionou no seu posto de sempre onde ficava cuidando os gatos do vizinho. Mesmo depois de muitos dias sem frequentar o local e já se ambientando ao novo, ela manifesta seu padrão de comportamento, sua fidelidade e integridade. Não interessa onde estejam e qual seja a situação, o cães dão o seu melhor.

Enquanto preparamos o solo para o plantio, Rogerinho se aproxima, apoia a cabeça na tábua e dorme. Conforto para eles também é estarem perto da gente.

Um comportamento padrão da Serena é sempre se posicionar de costas pra gente, cuidando a nossa retaguarda. Não há nada parecido com a sensação de tirar um cochilo no meio do mato com a vigília imbatível dessa cachorra.

Rogerinho tenta manter o equilíbrio da temperatura corporal.

Serena passa a maior parte do tempo dentro de casa, perto da gente. Mas sabe que é necessário tomar Sol e sempre tira um tempo pra isso, mantendo o olhar na casa, nos nossos movimentos.

Também vale trocar calor com a dupla canina. Serena adora se aninhar perto do Rogerinho e ele, friorento do jeito que é, deixa.

Essas foram as 7 características – de muitas – do comportamento canino que podem nos inspirar para vivermos uma vida plena.

Conheço pessoas que possuem cães mas vivem como se eles não estivessem lá. Não verificam, não oferecem carinho, isso quando não os mantêm presos. Além de configurar maus tratos, perdem a oportunidade de observar o animal agir de forma natural, com todas as suas características interessantes. Deixam de se beneficiar do carinho, da lealdade e de tudo que esses seres formidáveis, domesticados há milhares de anos, podem fazer.

E agora conta aqui nos comentários: qual característica do comportamento dos cães você admira ou faz refletir sobre a vida?

Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.

Um Comentário

  • Juçára

    Olá Juci!
    Realmente os cães são incríveis!
    Admiro no meu cãozinho o jeitinho dele sempre fazer uma festa quando chego em casa.
    Posso ter me ausentado por um minuto ou por um dia. A alegria é a mesma e me contagia.

    Adorei teu texto. Bj.

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