Vinícola Valmarino | Pinto Bandeira – RS

Eu adoro passear pela serra gaúcha. E não tô falando de viajar, gente, mas de passear mesmo, rodar em tranquilos 80 quilômetros por hora e parar em cada paisagem linda e cantinho interessante pra apreciar e conhecer. Não tem coisa melhor do que ir encontrando ao acaso lugares bacanas e adentrar cidadezinhas que não estavam no seu mapa.

Mas, antes de mais nada, me permitam indicar aqui uma trilha para esse post. Uma música que diga “como estou feliz em ter provado o melhor vinho da minha vida”. Vamos de John Coltrane, com Moment’s Notice.

Pronto, agora sim.

Poucos dias antes do feriado de páscoa fomos a Pinto Bandeira (meu namorado e eu), pequeno município próximo a Bento Gonçalves, cercado de vinhedos a perder de vista. Além de curtir a paisagem oferecida, queríamos conhecer a Valmarino, vinícola da região e que nos foi indicada por amigos.

Nessa época, as estradinhas de chão pareciam mais corredores cor-de-rosa, pois estavam ladeadas por mini roseiras. É lindo. E durante todo o percurso vemos cactos. Gigantescos. Eu amo cactos, e nesse passeio, cada um equivalia a uma foto – imagine a paciência da pessoa ao lado. Além de flores e plantas espinhosas, casinhas simples de jardins invejáveis, bem próximas de quem passa. De tão estreita a estrada, muitas vezes tivemos de voltar de ré até um espaço que desse pra passar uma caminhonete que vinha no sentido contrário.

A vinícola é pequena, muito charmosa, e era uma quarta-feira, faltando pouco mais de meia hora para fechar. Éramos os únicos e a atendente foi super querida e nos orientou nas degustações. E era tudo muito bom. Eu não sou uma pessoa fã de cerveja, meu negócio é vinho mesmo, e me passou um filme de todos que já tinha bebido na vida e dos que considerava os melhores, e a cada um que provava ali na hora, concluía que, na verdade, era o melhor que já tinha tomado. Quando provei as espumantes então, comprovei; a marca realmente tinha me conquistado. E como se não bastasse, até o suco de uva era formidável.

Apesar das peculiaridades de cada uva, dos aromas e sabores dos vinhos, o que me conquistou mesmo foi o fato de não receber aquele soco na garganta, aquela ardência tão comum na maioria dos vinhos. Ou seja, desce como água, só que não é.

Sensacional.

Este é um quadro com alguns dos centenas de aromas que podemos identificar na degustação. Acho muito interessante isso porque nos tornamos seres mais visuais do que qualquer outra coisa e, na verdade, o olfato é muito importante pra vida, sobretudo para saborearmos pratos e bebidas. Temos que treinar mais nosso nariz! Destaque para o aroma de pedra e o de grafite ( ! ).

Quando passo por experiências assim, de conhecer a origem dos produtos, sempre me atenho à história das pessoas. Saí de lá pensando em não comprar mais vinhos estrangeiros e incentivar a produção local. À minha frente se mostrava o cenário de uma gente que trabalha de sol a sol, que se esforça por um resultado primoroso, preocupada em oferecer o melhor para as pessoas. Isso merece reconhecimento, incentivo. Um brinde à nossa terra e à nossa gente – esteja você onde estiver, valorize o trabalho do seu vizinho.

Como chegar: Esta dica vale pra qualquer ponto que você queira visitar nos arredores de Bento Gonçalves. Nós sempre paramos no espaço de informações da entrada de Bento, no famoso pórtico de barril gigante. Pessoas sempre atenciosas e bem informadas explicam onde fica cada coisa, marcando os trajetos em mapas que você pode levar. É bem mais seguro e garantido do que eu dizer pra vocês fazerem a curva no segundo cacto e dobrar para a esquerda no fim do riacho e virar à direita no pessegueiro – tem plantações de pêssego lindas na região.

Para visitar o site da vinícola, clique aqui.

Fotos e texto: Juciéli Botton para Casa Baunilha