Durante um dos passeios com o Rogerinho pelas ruas de Porto Alegre, encontramos o que restou da poda de um cacto gigante em frente a um condomínio, uma árvore, na verdade. Pedaços e mais pedaços de cactos caídos na calçada sobre um canteiro de grama. Voltamos para casa, afinal, o trabalho do jardineiro continuava e a nossa rotina também.
Lembro de ter passado por ali por mais 3 vezes, só que de carro, em 3 dias diferentes, e os pedaços do cacto continuavam do mesmo jeito. Ninguém limpou a calçada, ninguém os removeu e parecia que ficariam daquela maneira até o fim dos tempos.
Há plantas nas quais podemos identificar o potencial de brotação delas e os cactos têm esse poder, de brotar e se desenvolver a partir de um pequenino pedaço até se tornarem árvores gigantescas ou, pelo menos, lindas esculturas verdes tomando conta de vasos decorativos na nossa casa. Pelo jeito, ninguém deu bola para esse potencial pois estavam lá para secarem e morrerem.
Voltei à pé com um balde, um pedaço de papelão e um velho jogo americano de plástico que há tempos uso para trabalhos diversos, dentre eles, apoiar plantas espinhosas.
Juntei o máximo que consegui e trouxe para o apartamento. A foto abaixo mostra como eles ficaram no meu apartamento pelos próximos 3 dias, até que o final de semana chegou e pude levá-los à casa dos meus pais para fazer o plantio.
Os cactos resgatados envolvidos pelo meu jogo americano no balde.
Eu adoraria ter vasos de cerâmica prontos para plantar os cactos – para quem não sabe, faço peças cerâmicas – mas eu precisava agir rápido então adquiri alguns. Foi um investimento que acabou sendo diluído no fato das plantas terem saído de graça.
Estes cilíndricos de design limpo e reto são um dos meus favoritos. Esse modelo de vaso não tira a atenção da planta e a cerâmica crua, sem o acabamento vítreo, combina muito com os cactos.
Fomos para o sítio pegar terra para o plantio. Eu gosto da terra de lá, que é avermelhada e tem bastante pedrisco. Embora tenha uma textura de barro, quase argilosa, tem esses milhares de pedacinhos de rochas que proporcionam uma boa drenagem.
Plantio realizado com sucesso – o jogo americano de plástico continuou ajudando bastante nesse processo. Posicionei os vasos no fundo do pátio dos meus pais, onde os cactos não incomodariam nas atividades diárias, além de pegarem o máximo de sol possível.
Os cactos já tinham brotações e até botões de flor por abrir quando foram cortados e deixados na calçada.
Alguns pedaços estavam mais desenvolvidos, com vários braços. Outros com apenas uma parte e, mesmo assim, cada uma delas recebeu seu vaso próprio no programa Meu Vaso Minha Vida : D
Foto da esquerda: na primeira chuvarada e ventania, alguns cactos não resistiram e tombaram. Mas foi só reerguê-los e firmar bem a terra. como na foto da direita.
Dois dias depois, a flor do cacto abriu.
Cinco dias depois, mais botões de flor abriram.
Eu não tinha como manter essa gente toda no meu apartamento pois nele não há as condições necessárias para que todos se desenvolvam de forma apropriada. Então eu fiz a minha parte, dei o meu jeito e também contei com ajudas: a ajuda dos meus pais que abraçaram os novos moradores e também do Bruno, ajudando a carregar os vasos pesados, além dos baldes de terra igualmente pesados, e em tantas outras situações, como retirar os espinhos que ficaram na nossa pele.
Dessa forma, salvamos uma planta por vez e fortalecemos essa corrente de ajuda e de salvamento, também, de nós mesmos, porque as plantas têm o poder de despertar em nós o sentimento de contemplação e de nos maravilharmos diante da beleza da natureza, que traz paz interior, tranquilidade e energias purificadas e recarregadas para vivermos a vida.
Agora conta aqui nos comentários: você já resgatou um cacto?
Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.
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