Florianópolis,  Por aí,  Santa Catarina

Dicas para refeições ao sul da ilha de Florianópolis

É desafiador para todo e qualquer estabelecimento ter padrão. Ou seja, executar sempre do mesmo jeito, tanto a comida quanto o atendimento. Às vezes, o peixe vem suculento e com sal na medida, às vezes vem queimado e seco. Em um dia somos bem atendidos e, no seguinte – você volta porque adorou o lugar – parece que estão te fazendo um favor.

Nesta última estadia no sul da ilha de Florianópolis, em Santa Catarina, percebi essa mudança nos pratos e no atendimento de alguns lugares que eu já conhecia. Ao passo que, outros se consagram como excelentes, não importa a estação do ano, o dia da semana, se é vento Sul. E se você é como eu, costuma voltar aos mesmos lugares, vai entender. A gente percebe quais pratos pedir em qual estabelecimento, para não ter erro.

Durante as férias, fico no Pântano do Sul, a colônia de pescadores mais antiga do estado e, embora haja sempre novas construções, continua com o jeito simples, pelo menos durante a baixa temporada. Para você ter uma ideia, não há farmácia.

E se você também for ficar por lá, ou pela região, deixo aqui algumas sugestões para as refeições:

Considere cozinhar. Se ficar hospedado em casa ou apartamento equipados com cozinha, alterne entre comer fora e cozinhar. Vale muito a pena preparar as refeições pois a região oferece opções frescas de peixes e frutos do mar. E chega uma hora que organismo nenhum aguenta apenas comer fora e você vai querer um peixinho assado no forno do fogão.

• Compre pescado fresco na Peixaria Trinta Réis, em Pântano do Sul. A Rita vai te explicar sobre as diferentes espécies, sugerir um preparo e eles ainda limpam e cortam o peixe de acordo com a receita que você for fazer. Os 250 g de camarão limpo e pequeno saíram por R$ 16. Uma anchoveta de 900 g (pedimos para separar a cabeça para o caldo do pirão) limpa, cortada para ser feita escalada – aberta no forno – e mais 8 camarões grandes com casca (para incluir no caldo) deu um total de R$ 26.

• Se for preparar um peixe em casa, provavelmente fará o pirão de acompanhamento. Santa Catarina é o estado do polvilho e da farinha de mandioca. Há duas com nomes femininos, a Marlete e a Edna e também tem a Tupã, descascada à mão. Você encontra a Marlete e a Tupã no Hiper Select (no Campeche) e a Edna no HiperBom (tem na Armação e no Campeche). Só um detalhe: a Marlete e a Tupã são fininhas, delicadas e, portanto, perfeitas para o pirão mais uniforme. Já a Edna possui partículas mais grossas, perfeita para farofas ou um pirão mais rústico.

As farinhas de mandioca especiais produzidas em Santa Catarina

• Compre o pão francês no supermercado Sames, em Pântano do Sul, e o mini quindão deles. Chamam de quindim, mesmo, mas tem formato de quindão com aquele furo no meio. Tem uma grande altura de gemas e uma camada fina de coco embaixo. Peço os que estão menos queimadinhos, o que deixa o coco molinho. Vixe, fiquei querendo.

O mini quindão do supermercado Sames

• Quer comer o almoço típico da ilha? Vá ao Bar do Vadinho, em Pântano do Sul. Restaurantes de Norte a Sul na ilha servem este prato. Só que em 1984, o Vadinho resolveu criar “O” almoço. Ele só serve isso, então, ele criou um padrão. Então, a comida vem sempre do mesmo jeito. Vem 3 tipos de peixe: um frito, outro empanado (a dorê) e um desfiado, chamado de estopa, geralmente de arraia. Vem também o Vadinho perguntar como está o almoço. Ele reconhece quem já foi lá e diz que “vai tentar caprichar”. Acompanham: arroz, fritas (maravilhosas e já salgadas), salada, feijão e pirão. Se optar pelo almoço no modo livre, pode pedir reposição de qualquer item. Ou ainda pode escolher os itens separados, montando o teu almoço. Geralmente não pedimos o arroz e o feijão porque acabam sobrando, então as porções são ideais. Em baixa temporada abre de sexta a domingo. Chegue cedo.

O prato da casa no Bar do Vadinho

• O momento é de uma cervejinha pé na areia? Peça o pastel de camarão no Perellos, em Pântano do Sul. A massa é muito boa e vem cheio de camarão. Provei vários pasteis pela orla e este é o melhor até agora. As iscas de peixe frito do Arante, também em Pântano do Sul, regadas com o limãozinho que acompanha, também são uma ótima pedida para curtir o pôr do sol das mesas na areia.

• Quer um peixe ensopado? A moqueca do Arante é perfeita, acompanhada de arroz, pirão e salada. Combina com os dias chuvosos e fresquinhos, enquanto olhamos os barcos cambaleando sobre as ondas através da janela.

• Precisa fazer compras no supermercado e quer trazer um doce para comer em casa? Vá ao SuperBom da Praia da Armação e compre o alfajor deles. Na verdade, ele é um “doção” porque é enorme. Aliás, o HiperBom tem muitos doces e salgados ótimos, disponíveis em sistema self-service. O pão francês também fica por ali. Já os bolinhos ficam embalados e dispostos em uma ilha, todos maravilhosos para o café da tarde. Tem HiperBom, também, no Campeche.

O self-service de gostosuras do HiperBom

• A adega do supermercado Bistek, na Armação, tem itens interessantes a preços amigáveis. Encontrei o vinho branco, espanhol, Marinada, que desce suave pois não pega na garganta. Não se assuste com a uva moscatel ali no rótulo porque a macabeo traz um equilíbrio e o vinho fica perfeito. E ainda sai na faixa dos R$ 30. Também encontrei o vinho verde Mundus, de Lisboa, com a ilustração das caravelas no rótulo. Maravilhoso e preço entre R$ 20 e 30. Há um supermercado Bistek, também, no Ribeirão da Ilha – encontrei um bolo de canela por lá que é uma loucura, bem úmido. Ah, também tem Bistek em Porto Alegre ; )

Vinho branco que encontrei no Bistek da Praia da Armação. Levei alguns de presente para cada um da família.

• No Hiper Select da Praia do Campeche, encontramos alguns produtos que costumamos comprar em Porto Alegre: o leite fresco da Fazenda Trevisan Serra Gaúcha (quando não compramos o de saquinho), o queijo Santo Casamenteiro da Cruzília, de Minas Gerais, vendido em cunhas. A descoberta foram as massas frescas de ovos da Rana, feitas na Itália. Compramos o pacote de ravioli de alcachofra e fizemos apenas com alho picado refogado e azeite de oliva extravirgem. Uma jantinha simples, harmonizando com os vinhos que encontramos e, considerando o que se paga nos restaurantes, uma refeição para dois por R$ 36 até que saiu em conta.

• Se você for andar de barco na Lagoa da Conceição, vá ao Restaurante do Índio, na parada 18. Atendimento nota 10 pelo filho do dono, o Dirceu. Pedimos anchova grelhada ao molho de camarão, acompanhada de fritas, pirão e arroz, R$ 129 – serve duas pessoas. Ah, eles também têm cardápio impresso – porque apenas em QR Code ninguém merece.

Restaurante do Índio na Costa da Lagoa

• Se quiser fazer uma caminhada leve após o almoço na Costa da Lagoa da Conceição, aconselho pegar a trilha – que é a servidão que os moradores têm para transitar e onde o restaurante fica -, seguir em direção ao Sul e conhecer a Cachoeira da Costa da Lagoa. Você passará por uma ponte de madeira, outra de alvenaria e dobrará à direita no mato, depois de passar pela sorveteria, caminhará por alguns poucos minutos e chegará à cachoeira. Se for época de chuva, terá um belo volume d’água. Fui na baixa temporada e tinha gente colocando música alta lá, mas valeu, também, para conhecermos o caminho da servidão – tinha loja de roupas vendendo tudo com até 70% de desconto, coisa que nunca imaginei ver onde carros não chegam.

• Que tal um café à tarde, depois da volta do passeio de barco? No centrinho da Lagoa da Conceição fica o Café Cultura. O cappuccino italiano é muito bom (sou ligada em cappuccino e este é cremoso e não é doce) e o bolinho de milho é espetacular (capa desta publicação). Sabendo que o Bruno tem interesse no assunto “café”, os atendentes insistiram para que falássemos com o Leandro, responsável pela torra dos grãos, que nos recebeu de braços abertos e ainda nos deu uma aula sobre o processo. Saímos de lá muito gratos e com pacotes de café. Ah, tem um Café Cultura no Multi Open Shopping, mais pertinho de quem fica no sul da ilha.

O Leandro cuidando da torra dos grãos e, ao lado, a cremosidade do cappuccino italiano no Café Cultura.

• Na volta, passe no Supermercado Magia, ao lado da cafeteria, e leve para casa o caldo de cana com limão da MacroVita – fica na parte das bebidas refrigeradas.

• O Fort Atacadista é gigante. É aquele mercado onde encontramos as embalagens tamanho família. Lá descobri um vinagre balsâmico orgânico que era tudo que eu queria, porque me agrada o gosto do balsâmico, além de ser perfeito para cozinhar, dar sabor ao frango, por exemplo – faço um frango caramelizado com vinagre balsâmico e amendoim. Porém, os que não são orgânicos contêm uma infinidade de ingredientes prejudiciais. Este que encontrei no Fort, da marca Amanhã, tem apenas vinagre de vinho tinto orgânico, açúcar orgânico, suco de uva orgânico, extrato de ervas e corante caramelo, e é produzido em Garibaldi, no Rio Grande do Sul – às vezes eu tenho que ir a outro estado para descobrir a produção do meu. Também encontrei o bolo de milho verde, que vem em uma embalagem retangular e é maravilhoso, além de outros bolos como o de fubá. Há uma grande área de feira, onde encontro tamatinhos frescos que adoro colocar na massa rápida que faço com manjericão.

Alguns achados no Fort Atacadista 

• Em todos os supermercados que citei, você encontra embalagens gigantes de suco de laranja, de várias marcas. A laranja é um dos meus ingredientes favoritos na cozinha, porque consigo cozinhar um peixe no suco, na frigideira, sem precisar usar gordura ou fritar, sem contar que vai reduzindo até caramelizar. Ou, se faço o peixe no forno, coloco um pouco do suco de laranja na fôrma para manter o peixe sempre úmido. Por isso, esses galões de suco de laranja são úteis na geladeira da praia tanto para beber quanto para cozinhar. Fica a dica.

Espero que tenha gostado das sugestões. E se você tiver outras dicas para as refeições no sul da ilha, escreva aqui nos comentários ; )

Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.

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