Quando soube que na Praça XV de Novembro, no centro de Florianópolis, morava uma figueira muito, mas muito antiga, óbvio que fui visitá-la na minha passagem pela ilha em maio do ano passado. Agora que estamos no auge do verão, quero retomar alguns lugares praianos especiais que visitei por último e que merecem um destaque, uma lembrança e, quem sabe, uma indicação para você também conhecer e aproveitar.
Ao pé da figueira, uma placa de agosto de 1976 diz assim: Muito tem sido decantada, em prosa e verso, a nossa tradicional figueira da praça “15 de novembro”, este majestoso pálio verdejante, cuja exuberante copa lhe dá cada vez mais graça e beleza, tornando-a sempre altaneira e esplêndida! Foi numa manhã de verão, cheia de sol e vida, do mês de fevereiro do ano de 1891, que a jovem figueira, contando, talvez, seus vinte anos, foi retirada do Jardim da Matriz, e aqui carinhosamente replantada.
Ora, fazendo as contas, acrescentando os 20 anos à data do replantio, ela tem, hoje, 148 anos. Quase 150!
Não é das árvores mais incríveis que podem existir? Olha toda essa longitude!
E como todo ancião, ou boa parte deles, a figueira se apoia em bengalas para continuar a jornada da vida. Sério, olha só essas estacas de ferro que foram fixadas no solo e que apoiam os longos braços da figueira.
Mais e mais bengalas.
No chão da praça, desenhos artísticos de 1965, feitos por meio da técnica do mosaico, do artista plástico Hassis. São 47 mosaicos retratando a tradição cultural da ilha, desde costumes do cotidiano até histórias folclóricas. Na foto, está retratado o Boi de Mamão (embora representado com chifres), personagem de uma dessas histórias. Um cara de Ribeirão da Ilha me explicou que o boi é chamado assim porque, no tempo antigo, as pessoas não tinham dinheiro para criar bonecos com materiais próprios para artesanato. Então eles ocavam o mamão, a fruta mesmo, e forravam para dar volume. Assim surgiu o Boi de Mamão.
Seus braços vão longe.
Toda essa textura, essas partes retorcidas e direções dos braços dão a impressão de que estão se movimentando, tentando alcançar alguma coisa.
Nem só de figueira vive a Praça XV de Novembro. Há uma boa diversidade de plantas por lá. Parece uma versão compacta de um jardim botânico.
Achei que as fotos da senhora figueira mereciam um tratamento especial, para celebrar seus 150 anos quase aí. Gostaram? Eu curti esse visual meio vintage, meio conectado à atmosfera atual de Instagram.
Eu não sei vocês, mas acho incrível descobrir esses personagens únicos nas paisagens urbanas.
Fotos e texto: Juciéli Botton para Casa Baunilha
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