A casa alugada

A casa alugada | A roseira

Quando no apartamento, sempre que podia eu tinha flores frescas. Um arranjo sobre a mesa e outro menor na bancada do banheiro. O jeito era comprar na feira, onde os buquês são mais baratos, ou no supermercado, caríssimos. De toda forma, um investimento, que sempre considerei válido. Quando nos mudamos para a casa alugada, uma das minhas primeiras ações foi plantar uma roseira.

Interessante que quando comprava as flores de corte eu queria levar o maior número de unidades que minhas economias pudessem comprar. Agora, depois de plantar, de ver pouco a pouco a roseira tomar corpo, de assistir ao desenvolver de sua arquitetura natural, é preciso retirar forças das entranhas dos músculos da mão para apertar a tesoura de poda a fim de cortar uma única flor, que se juntará a um tanto de galhos e folhas que farão volume no vaso sobre a mesa.

Quem trabalha de sol a chuva na criação fica com a maior parte, a roseira. Ela é a dona.

É interessante essa mudança de mentalidade. Outro aspecto que observei, é que achei que meu romantismo diante da vida se intensificaria estando próxima da natureza, mas a verdade é que ela não deixa que tinjamos nosso raciocínio com as emoções. Diante dela, tento entender os processos, principalmente quando os observo no sítio, e tento agir da forma mais racional possível, para que a gente se dê bem. A natureza não precisa que eu faça nada por ela. Ela é muito mais autônoma do que eu. Tudo que ela espera de mim é que eu seja humana, que eu faça o que eu tenho que fazer.

Tanto não precisa de mim que há fósseis de rosas encontrados em uma camada geológica datada em 20 milhões de anos.

As roseiras estão na labuta da vida há um certo tempo a mais que nós. Infelizmente, não temos contato com exemplares que tenham preservado suas características primitivas, uma vez que a planta é das que sofrem muitos cruzamentos e seleções. Tanto que especialistas dizem que é muito difícil classificar e identificar as espécies devido às incontáveis combinações genéticas.

A roseira da casa alugada dá rosas em tons de laranja.

Ela também floresce em tonalidades rosadas. Me encanta o gradiente de cores, que concentra o rosa, no caso d a foto acima, nas extremidades das pétalas.

A chuva adiciona uma textura belíssima às rosas.

À esquerda, no dia 23 de junho, quando ela chegou, com um botão na fase inicial do processo de desabrochar. Na foto do centro, no dia 17 de julho, o botão já seco pois não conseguiu terminar o processo de abertura. Porém, no primeiro nó abaixo do botão, já havia uma brotação. À direita, o detalhe desse broto, avermelhado.

O ciclo da roseira é mais um dos tantos ciclos da natureza e, portanto, da vida. A roseira nos lembra que sempre teremos o auge de uma situação ideal, de um bom momento e que, depois, virá o tempo dos baixos, de se refazer. Tudo faz parte da vida para que a gente cresça e evolua.

Esta foi a primeira rosa nascida no pátio da casa alugada, após o secamento do broto que veio com a muda. A foto é do dia 19 de setembro.

Aqui, um registro de quando ela nos presenteou com uma imagem inédita para nós, uma rosa dupla.

A foto da esquerda mostra o momento em que tudo acontecia na planta, durante a sua primeira primavera: brotos, botões, uma flor começando a se abrir e uma rosa em processo avançado do desabrochar. Registros do dia 31 de outubro.

A primeira roseira da minha vida, a primeira de muitas.

Compartilhe aqui nos comentários sobre a sua admiração pelas rosas ou a tua história com alguma roseira em particular. Quero saber ; )

Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.

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