Eu vou pular a parte de que as praias mais pra cima no mapa do Brasil são as mais lindas, etcetera e tal e vou direto para a parte de que eu tenho este defeito. Eu enxergo poesia onde ninguém vê, mesmo. Eu tenho essa coisa de olhar pra um dia nublado numa praia com mar chocolate quase sem ninguém e enxergar uma paleta de cores, e não apenas um dia nublado numa praia com mar chocolate quase sem ninguém. De olhar pra uma praia com mar chocolate e enxergar que é a natureza dela. Ou melhor, é a natureza. De olhar pra uma praia com mar chocolate em dia nublado sem ninguém e sentir que estou naqueles cenários de longa metragens americanos onde a famosa escritora de meia idade acaba de se divorciar e reserva um tempo pra si mesma na casa de praia da família e ali mesmo, diante daquele mar chocolate em dia nublado sem ninguém, ela encontra o amor da vida dela, um pescador que na verdade largou a empresa mega bem sucedida de engenharia para viver se alimentando dos peixes que ele mesmo pesca, e do seu cabelo por cortar. Ela, com suas blusas de gola rolê, porque afinal, o que é que combina com um clima nublado em praia quase sem ninguém com mar chocolate, se não uma blusa de gola rolê? E eu já não sei mais porque comecei essa frase, acho que só pra dizer que fazia frio.
Então eu me diverti clicando em meio a esse romance tórrido, digo, em meio a essa espuma, essas ondas patrocinadas por Toddy (prefiro), esses pássaros que aparecem só em dias nublados com mar chocolate, porque eles não são bobos nem nada, é quando não tem ninguém na praia.
Fica aqui meu registro, então, de que tudo tem que ser do jeito que é. Só não me perguntem “onde é essa praia?”, como se vocês realmente quisessem ir lá e ainda acabando com toda a poesia desta postagem. Obrigada.
Essa cena de quase nenhum pescador… incrível.
O mar consegue criar três tipos de bainha para acabamento. Sensacional.
E até estampa.
Como drama combina mais com praia de mar chocolate sem ninguém em dia nublado, eles não terminaram juntos. Ela cansou de peixe e da maresia no cabelo. Dele, no caso.
Fotos e texto: Juciéli Botton para Casa Baunilha
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