Meu sogro e o senhor que trabalha com ele no sítio ficaram afastados das atividades devido à Covid. Enquanto eles se recuperariam, não poderiam mais ir até o sítio levar comida para o Rogerinho – nem companhia. E como a comunicação com eles é difícil, não sabíamos nem há quanto tempo o bichinho já estava numa situação de abandono. Então, no mesmo dia em que soubemos, numa quinta-feira à noite, após o expediente, viajamos até o sítio para pegar nosso amigo peludo.
Era muito noite e não há eletricidade por lá. Mas a Lua estava gigante. Desligávamos as luzes do carro pelo caminho e ficávamos admirados com a maravilha da claridade que o satélite trazia pra gente. Imaginei alfaces e rúculas crescendo com essa luz solar toda chegando na calada da noite.
Eu amo o espaço.
Como sempre, O Bruno iluminou um pedaço com as luzes do carro e foi chamar o Rogerinho. Ele saiu da oca, estava dormindo, e ficou parado olhando em direção ao carro. De dentro dele, soltei meu grito característico que costumo dar para chamá-lo e ele baixou as orelhas e veio como uma flecha. Entrou no carro disparadamente e daqui pra frente não consigo descrever a alegria desse bicho em alguém aparecer, oferecendo companhia, comida e uma noite quentinha.
A viagem foi tranquila, ele veio no meu colo, mas porque eu quis. Ele já veio com um tanto de educação instalada e fica direitinho no chão, em frente ao carona, ele tem essa capacidade. Mas resolvi levar no colo porque não entendo muito de cachorro e achei que estava fazendo certo. Bom, isso é papo para mais adiante.
Chegamos e tratamos de fazer uma comida para ele. Já tínhamos decidido, enquanto nos encontrávamos apenas no sítio, que daríamos ração apenas em último caso. E muito menos a nossa própria comida, cheia de substâncias como sódio, gordura, açúcar.
Resgatei a receita que meus avós sempre fazem para os cães de guarda deles, o famoso angu. Rogerinho não demonstrou adoração pela farinha de milho mas, aos poucos, foi dando valor ao que tinha para comer. E hoje come. Vi nas minhas pesquisas que temos que cuidar para que o cão não desenvolva um apetite caprichoso, ficar escolhendo o que quer comer, mandando nos donos.
Um colchonete para abdominais que não fazemos, com alguns panos por cima foi mais do que suficiente para uma boa noite de sono de um cão.
Era hora de todos nós dormirmos mais sossegados.
Volto a qualquer momento com mais informações.
Foto e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.
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