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A volta do Rogerinho ao sítio: separação triste mas necessária

Doeu mais na gente do que nele. Ou talvez mais nele do que na gente. Não há como saber. Mas fomos firmes e fizemos o que precisava ser feito: devolver o Rogerinho ao sítio. Tem um tempo que isso aconteceu mas queria registrar aqui porque se trata de uma página importante dessa história – se você perdeu, leia o post 1 aqui e o post 2 aqui.

Não foi fácil, ele queria pular para dentro do carro a todo custo. O que me deixa até lisonjeada, pois pode ser um sinal de que não foi tão ruim assim a sua estada no apartamento. Mas desde o momento em que o pegamos para passar aquele período em Porto Alegre sabíamos que esse dia chegaria.

O que tornou difícil a separação foi ver a gana dele em entrar no carro e ir embora junto com a gente. O olhar dele lá fora me procurando dentro do carro, pelo vidro. Tudo que vivemos e a rotina que criamos juntos. As piadas, os quinhentos apelidos, os perrengues. Os carinhos intermináveis, os olhares atenciosos.

O que facilitou um pouco a separação foi lembrar dos dias inteiros em que ele ficou prostrado na caminha, sem ter o que fazer dentro do apartamento. Ele é um cão velho, não se interessou por nenhum daqueles produtos naturais de roer e morder. O frio do apartamento enquanto poderia estar se banhando de sol no sítio. Os interesses que ele encontra pelo caminho na região do sítio e que por alguns instantes faz ele esquecer da gente. O respeito pela história e o apego que duas pessoas do sítio têm por ele.

Lavei a área onde fica a casinha dele pois o espaço estava repleto de titica de galinha. Na sequência, montei a casinha. Comecei pelo tapete quente, depois coloquei um tapete de trama de nylon, mais pesado, para ele não conseguir revirar quando começar seu ritual de ajeitar o ninho, e finalizei com dois cobertores quentinhos que ele pode usar para fazer o ninho à vontade. Toda semana eu troco os panos: levo os usados para lavar e deixo panos limpos.

Coloquei a cobertura da casinha, o telhado, e ficou pronta para recebê-lo de volta. São muito práticas essas ocas feitas de plástico. Eu lavo de mangueira e no verão podemos tirar a cobertura, ficando somente a caminha.

Já fomos pegar o Rogerinho em noites bastante frias, por volta da meia noite, e ele saiu da casinha com o corpo quente. Sabemos que ali ele fica protegido da chuva, do vento e do frio. Depois de alguns vendavais, aprendi que deixar ela de lado em relação à parede impede que a chuva e o vento entrem direto.

Em um dia antes da “separação”, depois de horas solto durante um passeio, Rogerinho ignora nossos chamados para entrar no carro e voltar para o sítio. O carro andava em uma direção, lentamente, para ver se despertava o interesse dele, enquanto chamávamos, mas ele seguia indo para a outra, parando e olhando para nós de vez em quando. Ele tem seus próprios interesses, que muitas vezes não nos inclui, e isso foi um dos fatores que facilitou o momento de levá-lo de volta ao sítio.

A gente brinca que ele tem o DNA do sítio. É lá que achamos que ele gosta de ficar e que pode exercer todo o seu potencial. E ainda assim, conseguimos nos ver toda semana.

E você, já teve que se separar do seu pet, viver longe dele? Conta aqui nos comentários que eu quero saber!

Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.

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