Os mercadões são paradas obrigatórias onde quer que eu vá. Os roteiros que elaboro para as minhas viagens sempre começam pelo mercado público, o espaço em que há uma alta concentração da cultura e dos costumes de uma região.
Mas antes de continuar a leitura, não deixe de conferir a postagem sobre a ida de Porto Alegre até Curitiba, de carro. Clique aqui.
Eu já conhecia o Mercado Municipal de Curitiba, que foi, novamente, a minha primeira parada quando retornei à capital paranaense. Depois de algumas horas na estrada, eu só pensava em comer alguma coisa no mercado.
Sou apaixonada por pinhão. Em Porto Alegre, no inverno, é praticamente o que eu como. E em Curitiba, cidade das araucárias e do pinhão, a gente consegue encontrar pratos com a iguaria praticamente o ano inteiro. Escolhi o pastel de carne seca com pinhão da Pastelaria Curitiba. Para acompanhar, caldo de cana bem geladinho. Combinação estilo comida de feira. E tem melhor?
Acho uma graça o detalhe em estilo “abra aqui” do pastel.
Depois, desci para andar entre as bancas. A sobremesa ficou por conta de um dos meus doces preferidos, que encontrei na banca Puro Coco, aquele doce de abóbora que tem uma crosta durinha por fora e textura cremosa por dentro.
Dedo de Prosa: tem nome mais apropriado para uma cachaça? Acho que não.
Uma parada na banca de vinhos. Adoro olhar os rótulos. Coleciono fotos deles, uma vez que colecionar as garrafas não seria espacialmente possível na minha casa. Mas o que mais adoro são os vendedores que escolhem e trazem vinhos com rótulos diferentes para eu fotografar. Fico muito grata.
Este, por exemplo, o vendedor trouxe para que eu fotografasse. É da vinícola do jogador Iniesta. Tem um coração na cobertura da rolha e um recorte no rótulo que permite lermos a frase que aparece no interior da garrafa:
Detalhe do coração na rolha.
Detalhe da frase no interior da garrafa.
Adorei o “Enjeitado” e seu texto descritivo.
O rótulo do Bico Amarelo traz um pássaro estilizado, provavelmente a partir da técnica da aquarela.
Simplificar uma figura, como a de um animal, é das coisas mais difíceis de se fazer. Picasso, por exemplo, mostrou em seu trabalho com o touro, com quantos exercícios se faz um animal simplificado. E não são poucos.
O mercado de Curitiba tem uma área dedicada aos produtos orgânicos – e se não me falha a memória, foi o primeiro mercadão do Brasil a ter uma área exclusiva a essa categoria. Aproveitei e comprei frutas para comermos no apartamento que alugamos. Para onde quer que a gente vá, temos que ter nosso pequeno estoque de frutas para comer ao longo dos dias. Nosso corpo sente muita falta pois já está acostumado, além do fato de que não tem outro jeito de sobreviver aos dias fora de casa, comendo na rua.
Encontrei mais um rótulo lindo. As mãos do agricultor: quer coisa mais icônica e bonita no mundo dos vinhos?
Esta parte do mercadão lembra uma estação de trem antiga.
Mais nomes fabulosos e preciosos de cachaças.
E de outros produtos também.
Palmito em conserva é um caminho sem volta na nossa vida. Uma vez que a gente experimenta, se apaixona por algo que é caro. E, por vezes, perigoso.
Meu marido é apaixonado por feijão. Ele é daquelas pessoas que, diante de uma dezena de opções de comida em um buffet, ele com certeza irá escolher a combinação de arroz e feijão. Então feijão é algo que ele prepara bastante, nunca falta em casa. Aproveitamos a ida ao mercadão de Curitiba e compramos um feijão verde, mas verde mesmo, o chamado feijão-manteiga, também conhecido como feijão-bolinha. Vou mostrar para vocês como ele ficou depois de cozido, tenho o registro:
Ficou como muitos feijões vermelhos: na coloração, na textura, pois ficou macio, e no caldo também, bem grosso. Fica a sugestão para quem quiser variar os alimentos e tem dúvida se o feijão verde é estranho ou não. No caso, não. É uma delícia. Aliás, tem um link maravilhoso com os vários tipos de feijão: clica aqui para conferir.
No mercado de Curitiba também há lojas de produtos japoneses. Como, originalmente, a ideia era ir até São Paulo, capital, um dos planos era passar pelo bairro da Liberdade, que a gente adora, e entre outras coisas que queríamos ver e comprar, trazer estoques do biscoitinho sembei. Mas fomos somente até Curitiba em função do novo vírus, embora ainda não houvesse nenhum caso confirmado no Brasil. Então pudemos matar a vontade do biscoito por Curitiba mesmo.
Encontramos esta marca, sabor de gengibre, bem o que gostamos. O biscoito ainda tinha gergelim na massa, só que bem mais fino, duro e de gosto bem forte em comparação com a marca que mostrei numa postagem anterior. Mas quebrou o galho.
Nunca tinha visto isso, um mini peixe frito que pode ser consumido como salgadinho ou colocado sobre a comida, como nas sopas, para agregar um crocantinho. Mas pensem num peixe minúsculo.
As Cocas e Fantas de tudo que é sabor, que a gente também encontra aos montes no bairro da Liberdade, em Sampa.
Eu não vivo sem bucha vegetal. E no Mercado Municipal de Curitiba tem aos montes, e compridas assim. Vale bem mais a pena do que comprar aquele pedacinho nos supermercados ou lojas de produtos de beleza, que acabam saindo caros.
Na praça de alimentação, há um painel lindo de azulejos com a arte de Poty Lazarotto.
Ele diz: “Ao trabalho do homem, a terra responde com a generosidade dos frutos”. Podemos ver uma banca típica do mercado, com seus produtos em caixas, nos expositores e pendurados, além de araucárias e produtores.
Mais um painel de azulejos, só que em outro ambiente. Este conta que, no Largo da Ordem, o mercado era a carroça de toldo, onde os frutos da terra e do trabalho eram anunciados com forte sotaque imigrante. Uma homenagem aos primeiros e a todos os trabalhadores do Mercado Municipal.
Adoro a tipografia usada na fachada do mercadão, com fonte condensada e bem fina. Bem, vintage.
Esses são alguns dos achados e registros do Mercado Municipal de Curitiba, que enche os nossos olhos com riquezas artísticas, arquitetônicas, gastronômicas, culturais e históricas.
Fotos e texto de minha autoria, Juciéli Botton, para a Casa Baunilha.