Se eu consegui escrever um texto sobre a poesia visual e a beleza do mar chocolate das praias do sul (leia aqui), nada, mas nada mesmo me impediria de registrar as impressões sobre uma praia quase sem ninguém em dia nublado na ilha de Florianópolis.
Em maio deste ano, a Praia Daniela estava no meu roteiro e, nele, também faria sol, o mar estaria calmo e a água de coco e o milho verde seriam liberados. Mas sabe como é a criação de um roteiro, tem sempre um cara acima de você barrando as coisas, o produtor.
Eu sempre registro essa vista de quase chegada a uma praia. Adoro a moldura que as plantas fazem e a paisagem que se revela aos poucos. As várias camadas dos morros em frente, após o mar, sob a névoa, deixam a cena mais dramática ainda – e mais bonita. Meu longa não tinha verba pra dia de sol e open bar de água de coco mas tinha para aroma de chá nesta pequena trilha que dá acesso à Daniela. Nesta praia, o verde nativo que habita as areias da beira mar foi preservado. É preciso estacionar na rua que antecede o mato e acessar a praia por essas trilhas. Esta que o destino nos ofereceu tinha um cheiro de chá muito forte. Uma mistura deles. A verdade é que eu levei um tempo até chegar na praia porque o cheiro estava incrível. Todo mundo diz que eu tenho um super nariz, mas a verdade é que as pessoas esquecem de respirar às vezes.