• Crônicas,  Vida e Carreira

    Anos luz pela fresta da sua janela

     

    Sabe aquelas persianas antigas de plástico com barras que quando fechadas se encaixam umas nas outras e quando abertas mostram furinhos da estrutura por onde passa luz?

    Sabe quando você fecha a persiana e fica aquela fresta entrando luz quando não é pra entrar luz?

    Sabe quando você sobe a persiana novamente e se esforça com toda a sua energia pra tentar fechar ao máximo e ela continua com as malditas frestas?

  • Beleza,  Espelho Meu,  Vida e Carreira

    Como eu salvei a minha pele

    Não é expressão popular. Eu realmente tive problemas com a minha pele do rosto a vida inteira e agora, depois de conseguir superar isso, espero ajudar outras pessoas com dramas parecidos por meio deste post de utilidade pública.

     

     

    O drama

    Eu nunca usufruí de uma pele sem espinhas e cravos e marcas dessas espinhas e cravos que eu nunca deixei em paz.

    Quando criança, não sabemos que temos e nem o que significa ter uma pele boa, para que ela serve e como usufruir disso. Já na adolescência, quando mais precisamos dessa pele boa… bom, preciso comentar? Só que quando entrei na fase adulta, as espinhas de outras áreas do rosto sumiram só que as do queixo sempre permaneceram, em ciclos, e isso sempre diagnosticado como de causa hormonal. A recomendação era trocar de anticoncepcional e, ainda assim, era só uma promessa de melhora. Acontece que eu cansei de ouvir sobre casos de mulheres que substituíram o remédio, a pele não mudou e ainda por cima engravidaram (e isso é um problema caso você não queira engravidar naquele momento).

    Então, eu continuei a viver de períodos alternados entre: Oba, as espinhas sumiram, tô com a pele ótima hoje! Só hoje mesmo, porque amanhã elas voltam. Mas daí tem o creme secante manipulado, indicado pela dermato, que seca as espinhas e também a sua vontade de viver, sua pele escama de tão ressecada que ela fica. E acrescenta a tudo isso a rotina de lavar o rosto com sabonete neutro

  • Mulheres que inspiram,  Vida e Carreira

    Mulheres que inspiram: Betty Davis

    O Google insiste que eu fale sobre a Bette Davis atriz branca dos anos 40. Mesmo quando eu procuro por Betty (com Y) Davis singing ele mostra a Bette atriz cantando. Chega a ser irritante. E só reforça a dificuldade que Betty Davis, cantora negra e primeira nasty gal que este mundo viu, enfrentou na sua época e que certamente, do jeito que a coisa anda hoje, continuaria a penar para ser quem ela é: ousada, inovadora no seu funk-rock, sem medo de expor sua sexualidade e de dizer o que pensa e o que quer. Como ela mesma disse um dia, “Sou muito agressiva no palco e os homens não gostam de mulheres agressivas. Eles gostam das submissas ou das que fingem ser submissas”. Que vontade de abraçar ela hoje e dizer “Betty, você não estava sendo agressiva, você estava sendo você, você estava sendo mulher, você estava sendo um ser humano”.

    Hoje, dia 26 de julho, a rainha do funk, essa mulher que quase não se explica, completa 72 anos e entra para a lista de Mulheres que Inspiram do blog.

     

     

    Ela era modelo e DJ muito antes de assinar com uma gravadora, mas sempre escreveu e gravou suas próprias músicas. Ela era realmente à frente do tempo. Uma personalidade hardcore pra época. Sua voz é tão poderosa que, segundo críticos, faz Janis Joplin parecer cantora de coral natalino. Ela definitivamente transformou

  • Crônicas,  Espelho Meu,  Guarda-roupa,  Vida e Carreira

    Só hoje! Lista de presentes que são uma pechincha

    Quem nunca foi interrogado sobre o que gostaria de ganhar de aniversário? Eu nunca sei o que responder porque, na verdade, fico constrangida em dizer no que as pessoas devem gastar. Ou pior, ter que reafirmar que elas tem que me dar alguma coisa. A verdade é que as coisas que eu mais gostaria de ganhar e que me fariam feliz ninguém considera como um presente. As pessoas geralmente acham que ele deve ser algo extraordinário, gastam muito e ainda por cima podem acabar comprando errado. E é mais ou menos como eu penso também quando vou comprar um presente pra alguém. Ou seja, é um mal que aflige a todos nós.

    Então, pra eu não perder a chance de fazer uma lista (adoro fazer listas) e me divertir um pouco com isso, montei um balaio de presentes-pechincha que me fariam muito feliz – com valores que podem variar, claro.

    Camiseta branca – R$ 20,00 | Gente, quem não quer uma camiseta branca? Ela é curinga. Vai com você pra cama na hora de dormir e também pra balada sob uma jaqueta de couro. Ela é a base do guarda roupa cápsula, que constitui o básico do básico do seu armário. Mas não precisa ser aquela baby look esturricada, não é mesmo? Um P, ou até um M, masculino tá ótimo. É vendida desde as Lojas do Aldo até a Hering.

    Buquê de flores – R$ 15,00 | Tem coisa mais linda que um belo arranjo de flores em casa, pra onde você olha toda vez que passa e fica feliz sempre que vê? “Ah, mas vai morrer logo.” Que nada! Será eternizado no Instagram da Casa Baunilha e aqui no blog também. Tá bom pra você? Nas feiras, eles ainda embrulham somente naquele papel pardo, sem aquelas frescuras plásticas. O buquê da foto eu comprei na tradicional feira orgânica de Porto Alegre, a do sábado na Redenção, e custou 15 reais. Amo esse mix com vários tipos de flor.

    Pacote de sabonetes Dov– R$ 12,90 | Ele já é caro por natureza. Nesse período de crise, então, é só isso que ele faz, ficar caro. Então eu adoraria ganhar, sim, com certeza. E rende que é uma beleza: primeiro vai pro guarda-roupa pra perfumar o espaço – sou dessas – e depois vai pro banho.

    r do sol no Guaíba – R$ preço da corrida ou carona | Seria um presentaço você me levar ou pagar o Uber/Cabify/ou o que você costuma usar pra gente ir curtir esse espetáculo da natureza juntos. Se for ali em frente

  • Crônicas,  Vida e Carreira

    Sobre tortas que desandam e decepções na vida

    Terça-feira de Carnaval, fui comer a minha sobremesa preferida no meu café preferido. Não foi bom. A torta de chocolate amargo me traiu. Ela não quis nem saber pra quantas pessoas mais eu falei que ela era a melhor da cidade. Fiquei me sentindo, além de caluniada, meio desamparada. Afinal, eu não tinha mais uma sobremesa preferida. Eu não tinha mais um destino certo nos finais de semana. Meu namorado provou um pedaço e comentou, nossa, tá estranho, não tá mais como era. E eu ainda tentei forçar uma mentira e disse, não, não achei. Achei sim. Não tava bom. A qualidade caiu. Até que lá pelas tantas eu admiti que ele tinha razão. Foi até um alívio poder dividir com alguém minha decepção. Orgulho de lado, aceitei a batalha já perdida.

    Essa história da torta é tão ridícula na sua insignificância perto de situações verdadeiramente graves na vida, que ela foi apenas uma faísca pra eu começar a pensar sobre o assunto.

    Decepções são uma certeza na vida. Seja lá em que área for. Seremos tirados, da zona de conforto, sempre. O que não é ruim quando se trata de uma decisão nossa. Mas comecei a pensar no campo de possibilidades que se abriu diante de mim a partir da situação. Provavelmente vou peregrinar por outros lugares agora, em busca de uma nova sobremesa. Será uma descoberta em todos os sentidos. Talvez a torta estivesse me mandando um recado, tipo, sai daqui e vai provar coisas novas, mulher!

    Talvez todo esse papo romântico seja só pra tentar camuflar o fato de eu estar muito decepcionada por uma sobremesa tão boa ter desandado. Por eu ter feito sua boa fama pra todo mundo, que agora vai ir lá provar e chegar à conclusão de que eu não sabia do que estava falando.

    Bom, entre ficar brigando com uma torta e seguir em frente dando o troco nela, eu prefiro, sem dúvida, seguir em frente dando o troco nela.

    Mas sou daquelas pessoas que oferece uma nova chance pra coisa provar que realmente errou. Vai que, naquele dia, a confeiteira teve que ficar em casa com uma virose enquanto outra mão se encarregou da torta? Vai que o estrelato dela já esteja escrito nas estrelas e ela vai, sim, voltar a brilhar?

    Acho que vou voltar, só pra ter certeza de que está tudo acabado entre nós, mesmo. Pra eu não olhar pra trás e pensar: e se…

    Torçam pra que o melhor aconteça. Seja uma reconciliação ou uma vida nova. Pra nós duas.

     

    Ilustração e texto: Juciéli Botton para Casa Baunilha

  • Crônicas,  Vida e Carreira

    O princípio do vazio

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    Na última crônica, aquela sobre o nirvana do guarda-roupa, eu comentei sobre a importância do período de fim de ano pra mim já que me inspira a rever muita coisa na vida e, claro, em casa, como arrumação, descarte e desapego – acho que com quase todo mundo é assim, não é mesmo?

    Pois muito bem. Certa vez, minha tia querida, Denise, mostrou um texto que me trouxe uma reflexão profunda. Talvez porque mexa um pouco com ego, orgulho, esses cretinos osso duro de roer que não aceitam muito bem uma revolução. O texto não é novo, é do Joseph Newton, já rodou os quatro cantos da internet, mas considero importante ele marcar presença neste momento

  • Crônicas,  Vida e Carreira

    Como atingir o estado nirvana do guarda-roupa?

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    Eu juro pra vocês que fico constantemente tentando me livrar de coisas aqui em casa. Maaaas, quando o fim de ano se aproxima, dá aquela vontade que vem lá do fundo do meu ser de fazer uma revolução, descartar e doar boa parte das coisas que tenho e buscar uma vida que seja possível com menos. Pois agora, o meu foco é o guarda-roupa.

    Alguns já sabem, eu moro em um apê pequeno – com menos de 50m², e não 200m² como algumas marcas e empresas de decoração gostam de classificar imóveis pequenos – pois justamente porque junto e coleciono coisas, achei que morando em um espaço contido eu teria que me esforçar pra aprender a viver com menos, e a valorizar qualidade e não quantidade. Então é assim desde que decidimos (meu namorado e eu) morar dessa forma.

    Pois bem. Em um apê pequeno, quarto pequeno. Para um quarto pequeno, um guarda-roupa menor ainda. E dentro dele, duas partes, sendo que apenas uma é minha, e é dentro dessa minha que tento fazer mágica pra caber tudo. Meu sonho era abrir o roupeiro e enxergar 1 calça jeans, 2 camisas e 1 vestido. A sensação de limpeza mental que deve dar isso deve ser algo fenomenal. Só que

  • Crônicas,  Vida e Carreira

    O dia em que acabei com a ditadura do biquíni na minha vida

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    Desde muito nova, usar biquíni era vergonhoso pra mim. Me sentia nua. Sempre me questionei sobre ter que vestir lingerie para ir à praia enquanto os homens seguiam confortavelmente enfiados em seus bermudões e camisetões, mesmas roupas que usam dentro de casa na frente de suas mães.

    Mas todo esse questionamento era só meu. Não fui criada pra perguntar, mas pra obedecer. Todo mundo usava biquíni, então eu usava biquíni.

    Até que mais velha eu levantei, raras vezes, a discussão para a minha mãe, de que biquíni era pior que lingerie já que mostrava até mais. Mas minha mãe sempre achou a comparação um absurdo, e a vida seguiu sempre igual.

    Estou com 31 anos agora. E faz muito tempo que não vou à praia no sentido depilação cavada da coisa (ou seja lá o nome que tem aquele procedimento que cobre de cera fervente até seus pequenos lábios e arranca não só os pelos mas também a sua vontade de viver). Meu contato com a costa do continente nos últimos anos se resume em

  • Mulheres que inspiram,  Vida e Carreira

    Mulheres que inspiram: Leandra Medine

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    Primeiro ouvi falar desta mulher que tinha um blog chamado Man Repeller, que seria algo como Repelente de Homem. Sabe quando a gente ama uma peça de roupa, investe nela, sabe que tá abafando e o bofe fala “sério? vai sair assim?” e a gente logo pensa, “ai, sabe nada de estilo”. Então, ela usa mesmo assim. Ela se veste pra se sentir bem, pra se divertir. Afinal, não estamos aqui nesse mundo pra agradar ninguém, e eu de cara já adorei a proposta dela, o jeitão dela e… não, peraí, ela sai nas fotos de todos os posts sem make, é isso mesmo, produção? Passei a amar.

    Leandra Medine é dessas que é simplesmente o que ela é. Poderíamos dizer que ela não está nem aí para os padrões, que não se submete à ditadura da maquiagem, que não tem medo das críticas do mal, enfim, poderíamos

  • Pela web,  Vida e Carreira

    Pela web | Senhoras, cidades, jazz e ilustras

    Selecionei aqui algumas coisas legais [na real eu achei interessantíssimas] que, de acordo com o meu humilde feeling, sinto que valem o clique de vocês. Coisas pra ouvir, ou pra repensar algumas ideias sobre a vida, ou pra te inspirar de alguma forma.

    casa baunilha semana 1 julho-02

    Vamos [re] pensar a cidade e o morar? O geógrafo britânico David Harvey diz que a cidade foi transformada em um lugar para se investir, não para se viver. Isso gera o mal estar urbano que vemos escancarado em manifestações nas ruas dos quatro cantos do mundo. Mais do que pensar nossa vidinha dentro de nossas quatro paredes, é fundamental que busquemos a melhor forma de vivermos, juntos, no espaço urbano. Essa discussão aconteceu no seminário Cidades Rebeldes em SP e você pode ler um pouco mais aqui.

    Estou apaixonada pelas mulheres retratadas no sensacional blog Advanced Style. Senhoras estilosas e vaidosas, passeando pelas ruas de NY, acabam contestando o que a sociedade espera de uma mulher da