“Precisamos melhorar antes de sermos maiores” foi a frase que ouvi hoje e que me fez parar, refletir. Me fez sentir. Foi uma segunda-feira diferente. Antes do nascer do sol, levamos o Rogerinho de volta ao sítio. Tive o privilégio de observar o horizonte sendo pintado de laranja. Algumas estrelas ainda brilhavam enquanto a Terra seguia girando em direção a Leste.
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Virei cabeleireira
Das coisas menos importantes da pandemia, a que mais me espanta é que eu tenha cortado o meu próprio cabelo. Eu sei que tem muita gente acostumada a cortar o próprio cabelo. Mas eu nunca fiz isso na vida. Tenho muito cabelo, volumoso, comprido e meio ondulado, meio encaracolado às vezes, com a raiz lisa embaixo e querendo encrespar na frente. É um cabelo difícil que, na minha concepção, teria que sempre depender de um profissional. Pra tudo.
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É tempo de bergamota
Ver uma árvore carregada de frutos, sem ninguém para apanhá-los, é uma das coisas que me deixam inquieta. Mesmo que os pássaros e outros animais aproveitem, eles não dão conta da alta produção de alguns exemplares.
Tenho visto muitas árvores carregadas de frutos e boa parte dessa irretocável produção da natureza indo para o chão. Ou porque as pessoas não se importam, até conheço algumas que têm frutíferas no pátio mas que não comem frutas, ou porque simplesmente não dão conta mas, neste caso, colher e dividir com os vizinhos é uma baita de uma ideia, ou, ainda, porque algumas propriedades são abandonadas.
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Longe do home office
Se antes a minha casa era o paraíso para onde eu ia depois de horas entocada no ambiente de trabalho, agora o meio do mato se tornou o meu refúgio depois de dias em frente ao computador de casa.
Os sentimentos estão confusos em relação ao meu canto. Hoje a sensação é de que a minha casa representa o meu trabalho. Parece que enquanto eu estiver ali dentro, estou sempre a postos. Parece não haver um descolamento do espaço-tempo do trabalho do lazer e descanso.
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Um alien por dia
Senta que lá vem análise semiótica. E spoilers. Portanto, se tu ainda não assistiu ao primeiro Alien, de 1979, assista primeiro e, depois, vem correndo aqui pra gente bater um papo.
Alien: O Oitavo Passageiro, de 1979, não é um filme sobre aliens, mas sobre mulheres desacreditadas que precisam limpar a bagunça dos outros depois, com todo o direito de encherem a boca para falar: eu avisei.
Como assim, Juci? Com tantas plataformas de streaming disponíveis, séries incríveis, personagens femininos contemporâneos, você vai desenterrar Alien agora, em 2021?
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Bananeiras não crescem em Saturno
O jardineiro que cuidava do pátio também tratou do pomar da calçada. Podou uma bananeira. Folhas maravilhosas por todos os lados. Enquanto eu alcançava um galho cortado caído na rua, quase atropelado pelos carros, o jardineiro se aproximou e estendeu o braço para me entregar um presente. “Uma muda. Isso aí não pega”.
Enquanto eu lançava as palavras que compunham a frase “muito obrigada”, o jardineiro dava as costas e seguia ordeiro para o trabalho na casa, sumindo entre trepadeiras e árvores de médio porte, sem que eu conseguisse perguntar o nome, enquanto era chamada para ser atendida no portão ao lado.
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O fim da conversa existencial
Meus avós venderam a antiga casa da praia. Significa o fim das conversas existenciais que aconteciam sobre um colchão apoiado no piso frio da garagem, lugar onde encanava o vento que passava acelerado, vindo do mar depois de percorrer uma quadra cidade adentro.
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Precisamos ser Pepa neste momento
Revi Mulheres à beira de um ataque de nervos, um dos filmes que tenho em casa e percebi que, mais do que nunca, precisamos ser Pepa. Interpretada por Carmen Maura, Pepa é mais que uma personagem, é uma heroína e isso não fica claro para muitos espectadores.
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As casas e os livros da pandemia
Se alguém me dissesse, no final de 2019, que em 2020 eu assistiria diariamente à bagunça no armário de um correspondente de Brasília de uma rede de TV eu não acreditaria.
Confesso que ainda não me acostumei a ver a casa dos apresentadores de programas de TV, jornalistas, algumas celebridades e personalidades.
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Bater papo pelo blog não transmite Covid-19
Enquanto ainda processo a informação de que talvez a imunização global contra o Coronavírus ocorra apenas em 2022, continuo a questionar: por que Fleabag não tem trinta e nove temporadas?
Não que o prazo me assuste. É que em se tratando de pandemia, números são superáveis – e superados.
Sabe, depois que declarei independência dos livros de completar tentei dar uma última chance a eles. Mas as perguntas que seguiram eram de quem você tem ciúme? e o que vem a sua cabeça quando pensa em medo? Não admito que um livro de completar eleve meu cortisol. Chega dessa coisa. Vou queimá-lo.